O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, pronunciou-se, esta segunda-feira, pela primeira vez categoricamente contra a possibilidade de realizar as eleições que estavam marcadas para o próximo ano, enquanto durar a guerra. “Se for preciso acabar com a disputa política [interna], o Estado tem estruturas capazes de acabar com isso”.
“Acho que agora não é altura para eleições“, disse Volodymyr Zelenskyy, cujo mandato termina em 31 de março, no seu discurso à nação, esta segunda-feira.
O Presidente ucraniano pediu para se evitar “tudo o que envolva divisão política”, argumentando que é preciso um foco na “defesa” do país e na “batalha” que decidirá “o destino do país e do povo”.
Zelensky fez estas declarações dias depois de o seu antigo conselheiro Oleksí Arestovich ter pedido que as eleições não fossem adiadas e ter anunciado a sua intenção de concorrer às eleições presidenciais.
Arestovich tem sido, nos últimos meses, muito crítico da administração Zelensky e afirma ter sido alvo de pressões e ameaças por isso.
No discurso desta segunda-feira, o Presidente ucraniano descreveu como totalmente “irresponsável” e “frívolo” lançar a questão das eleições “em tempo de guerra” no debate público.
As palavras de Zelenskyy a favor do adiamento das eleições – como prevê a lei marcial em vigor desde o início da guerra no país – também ocorrem após o chefe do Exército, Valeri Zaluzhni, ter reconhecido pela primeira vez erros na estratégia militar adotada e reconhecido a estagnação da frente.
Ameaça de Zelenskyy?
Zelenskyy apelou para que não se caia no pessimismo e nos conflitos internos e alertou que isso só é bom para a Rússia.
“E se for preciso acabar com isso ou com a disputa política e continuar a trabalhar apenas na unidade, então o Estado tem estruturas capazes de acabar com isso e dar à sociedade todas as respostas necessárias para que não haja espaço para conflitos e jogos de outras pessoas contra a Ucrânia”, disse o chefe de Estado.
No início de setembro, o Presidente ucraniano disse que estava pronto para organizar eleições no seu país em tempos de guerra, “se o povo precisar”.
“Não é uma questão de democracia”, assegurou mas, além de problemas de segurança, há outros problemas a resolver, entre os quais o voto dos soldados que lutam nas trincheiras, ou a chegada de observadores internacionais a uma zona de guerra.
O sistema militar e de segurança ucraniano alertou para o desafio que seria garantir a segurança num dia de eleições em plena guerra e dar a todos os soldados, refugiados e pessoas deslocadas internamente a oportunidade de votar.
Isso sim é democrático . Zé Lenski mostra aos políticos europeus como se faz uma verdadeira democracia : estou no cargo e não vou sair
Ó Dimas, então como é que se fazem eleições livres, universais e democráticas num país em guerra, sob lei marcial, parcialmente ocupado e em que grande parte do eleitores estão deslocados? Se tiveres uma boa solução para isso, transmite-a para Kiev.