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“Fiquem em casa”. Enfermeiros deixam “grito de alerta desesperado” aos portugueses

Rammn de la Rocha / EPA

A Ordem dos Enfermeiros lançou esta sexta-feira uma campanha de sensibilização a apelar aos portugueses para ficarem em casa, afirmando que é “um grito de alerta desesperado face à situação de catástrofe que se vive nos hospitais”.

“Em nome de todos os enfermeiros que são neste momento a nossa única linha de defesa de combate à covid-19, a Ordem dos Enfermeiros lança esta sexta-feira a campanha de sensibilização ‘Fique em Casa’”, anuncia a Ordem em comunicado.

A campanha é ilustrada com fotografias de enfermeiros portugueses todos equipados com fatos de proteção contra a covid-19 que retratam o estado de cansaço em que estes profissionais se encontram.

“Não se trata de uma ordem ou de uma imposição, antes um pedido. Um grito de alerta desesperado face à situação de catástrofe que se vive nos hospitais”, sublinha.

Em declarações à agência Lusa, a bastonária adiantou que a campanha visa “sensibilizar as pessoas” para ajudar os enfermeiros que “estão de rastos” e não conseguem chegar a todos os doentes covid e não covid.

“Esta campanha é para sensibilizar as pessoas que nos ajudem, já que infelizmente do ponto de vista do Governo não foi feito nada daquilo que a Ordem tem recomendado desde março e que nos teria ajudado muito a não chegar a esta situação”, adiantou.

Por esta razão, sustentou, “estamos a pedir a ajuda das pessoas porque, entendemos nós, são mais conscienciosas e sabendo o que se passa, e que temos poucos enfermeiros, poderão ficar em casa e reduzir as saídas ao mínimo possível e trabalhar em conjunto connosco” para reduzir os contágios e diminuir o número de infetados.

Em comunicado, a Ordem dos Enfermeiros refere que “mais do que uma questão de camas ou de ventiladores, é uma questão de falta de profissionais suficientes para dar resposta a todas as necessidades, doentes covid e doentes não covid. Além da carência crónica de enfermeiros, há cada vez mais enfermeiros infetados ou em isolamento, impedidos de trabalharem”, salienta. Alerta ainda que, neste momento, “os profissionais de saúde não conseguem garantir a prestação de cuidados em segurança e com qualidade, nem a vida das pessoas, apesar de estarem a desenvolver todos os esforços”.

“A situação neste momento está bastante complicada”, porque neste momento não há enfermeiros disponíveis para contratar no mercado, só com recurso ao privado ou ao social, “mas isso é uma decisão do Governo e achamos que está a tardar”, sublinhou.

A campanha consiste em várias fotografias que as pessoas podem usar nas suas redes sociais, ‘banners’, ‘stories’ para o Instagram, para o Facebook, molduras de perfil e um pequeno vídeo com fotografias reais de enfermeiros portugueses e um apelo da bastonária.

Portugal registou esta sexta-feira 234 mortes relacionadas com a covid-19, o maior número de óbitos em 24 horas desde o início da pandemia, e 13.987 casos de infeção com o novo coronavirus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Este é o maior número de óbitos já registado desde o início da epidemia em Portugal e o segundo pior dia no que respeita ao número de novos casos, sendo apenas ultrapassado pelas 14.647 infeções registadas na passada quarta-feira.

Tal como frisa o jornal Observador, os óbitos sobem há 13 dias consecutivos.

// Lusa

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