A Endesa vai abandonar o gás, para priorizar a produção de eletricidade. É uma “decisão audaz e sem retorno”, a cumprir a partir de 2040. A empresa espanhola é a primeira elétrica a tornar pública esta decisão.
A Endesa vai abandonar a produção de eletricidade com gás natural em 2040 e apostar na eletrificação.
“Em 2040, vamos abandonar o gás, como uma medida de descarbonização clara e estratégica e apostamos na eletrificação”, anunciou, esta quarta-feita, em entrevista à Lusa, o diretor-geral da Endesa em Portugal, Guillermo Soler.
Em Portugal existem quatro centrais de ciclo combinado a gás natural – Ribatejo, Lares, Pego e Tapada do Outeiro – que dão capacidade ao sistema elétrico nacional para reagir quando faltam as fontes de energia renovável.
A Endesa apontou que nenhuma elétrica anunciou ainda a mesma decisão, porque é uma decisão audaz e sem retorno, tal como aconteceu com o carvão.
“Em Portugal, a principal premissa é a descarbonização. Encerrámos a Central do Pego, que era a carvão, e a de Las Puentes, em Espanha, que eram as duas últimas duas centrais a carvão da Península Ibérica. Agora, temos um objetivo de deixar o gás no ano de 2040“, realçou Soler.
A Central Termoelétrica do Pego, no concelho de Abrantes (Santarém), da qual a Endesa era acionista, deixou de produzir energia a partir do carvão em novembro de 2021, após uma decisão do Governo, no âmbito da estratégia de descarbonização nacional.
A Endesa ganhou depois o concurso de transição para a reconversão da Central Termoelétrica do Pego, com um projeto de investimento de quase 700 milhões de euros, que combina a hibridização de fontes renováveis (solar fotovoltaica e eólica) e o seu armazenamento, com iniciativas de desenvolvimento social e económico.
Além do “projeto estrela” no Pego, a Endesa tem em Portugal outros dois projetos (de menor dimensão) que deverão estar prontos a operar sensivelmente ao mesmo tempo que o do Pego: A empresa espanhola ganhou o leilão solar flutuante na albufeira do Alto da Rabagão, em Montalegre, e também o parque fotovoltaico Pereiro, no Algarve, obtido a partir do leilão de 2020.
“No total, nestes três projetos, falamos de um investimento de 925 milhões de euros para Portugal e estamos a falar de 1 gigawatt (GW) de potência instalada no país, que já é uma potência muito relevante”, salientou Guillermo Soler.
ZAP // Lusa