Encontrados os destroços do navio negreiro Camargo — com 500 escravos a bordo

ZAP // P. Oursel / Wikipedia

Convés principal de um navio negreiro

Os destroços de um navio norte-americano do século XIX com mais de 500 escravos a bordo podem ter sido identificados por arqueólogos no mar de Angra dos Reis, Brasil.

Foram encontrados ao largo de Angra dos Reis, no Brasil, os destroços do que se pensa ser um navio negreiro, com 500 escravos a bordo.

A equipa de arqueólogos que está a investigar o achado acredita que se tratará do Camargo, um navio norte-americano, comandado pelo traficante de escravos Nathaniel Gordon.

Segundo o ARTnews, o navio estaria a transportar as cerca de cinco centenas de escravos desde Moçambique até Bracuí no Brasil, numa rota traçada para evitar as autoridades marítimas e policiais, tendo naufragado em 1851, antes de chegar ao destino.

Os arqueólogos acreditam que o navio foi propositadamente afundado por Gordon, numa tentativa de encobrir o seu rasto e fugir às autoridades marítimas norte-americanas que o perseguiam.

Gordon, que realizava frequentemente expedições ilegais de tráfico de escravos para o Brasil, viveu como fugitivo durante a década seguinte, antes de ser capturado e julgado por tráfico ilegal de escravos. Foi condenado a pena de morte e executado por enforcamento, em 1862.

O traficante norte-americano foi mesmo a única pessoa a ser julgada, condenada e executada por tráfico de escravos ao abrigo da Lei da Pirataria de 1820.

Library of Congress / Wikipedia

Enforcamento do traficante de escravos Nathaniel Gordon, 1862

O Brasil foi construído sobre a escravização de milhões de africanos e indígenas.

De acordo com um estudo da Universidade de Princeton, dos 12 milhões de africanos escravizados levados para o Novo Mundo, quase metade — cerca de 5,5 milhões de pessoas — foram levadas à força para o Brasil entre 1540 e a década de 1860.

A última viagem transatlântica de tráfico de escravos com destino aos Estados Unidos foi feita em 1860, décadas depois de a escravatura ter sido proibida, pelo Clotilda, o último navio negreiro norte-americano — cujos destroços foram encontrados em 2019 no fundo das águas de um rio no Alabama.

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