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Descobertas quatro fissuras gigantes no manto terrestre sob o Tibete

Phillips / Flickr

Planalto do Tibete, na China

Um estudo divulgado recentemente revela que o manto terrestre que está sob o Tibete foi dividido em quatro fissuras gigantes. A investigação dá uma visão sem precedentes sobre os processos geológicos que ocorreram há 50 milhões de anos.

Determinar o que esta sob o solo nem sempre é fácil, mas pode ser extremamente útil na previsão de terramotos e até para perceber a evolução do terreno ao longo do tempo. Até agora, a disposição do manto indiano que passa sob o planalto do Tibete era, em grande parte, um mistério.

A nova pesquisa, conduzida por uma equipa da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, recorreu a uma variedade de leituras sísmicas e outros dados geológico para identificar as fissuras sob o Tibete – que se localizam na camada superior do manto da placa tectónica Indiana.

Nesta placa, foram encontradas quadro ruturas enormes em diferentes ângulos e com diferentes distâncias do rasgo original. De acordo com os cientistas, estes fragmentos parecem estar submersos sob a placa Eurasiática.

“A presença destes rasgos pode dar uma explicação coesa sobre os terramotos profundos que têm ocorrido em algumas partes do sul e centro do Tibete e não em outros locais”, disse o geólogo Xiaodong Song.

Sabemos que a placa tectónica Indiana colidiu com a placa tectónica Eurasiática há cerca de 50 milhões de anos, durante o período Cenozóico, que deu origem ao Planalto do Tibete e a uma série de outros processos geológicos. O que ainda não sabemos é como é que está o arranjo geológico da Terra desde então.

O aparecimento de novos rasgos afeta a quantidade de calor que sai núcleo do planeta e chega até ao manto e à crosta. Consequentemente, afeta também a sua maleabilidade – e a probabilidade de um grande terramoto acontecer.

Essencialmente, a identificação destas placas rasgadas pode ajudar a salvar vidas em caso de um desastre deste tipo.

Tomografia sísmica e modelo 3D

Devido às características topográficas do planalto do Tibete – um vasto e elevado terreno, também conhecido como Teto do Mundo -, é difícil realizar estudos do terreno acima e sob o solo. A superfície do planto ocupa uma área aproximada de 2,5 milhões de quilómetro quadrados e tem uma elevação média de 4 000 metros.

Para o estudo, os geólogos recorreram à tomografia sísmica, uma forma de mapear o solo em alta resolução através de ondas de energia produzidas por terramotos reais ou geradas por explosões controladas.

Foi produzido um modelo 3D que não só explica por que motivo os planaltos tibetanos sentem uns terramotos mais fortes que outros, como também explica como é que este número incomum de ruturas foi criado.

“Os lugares anteriormente considerados como incomuns para a ocorrência de alguns terramotos intercontinentais no sul do Planalto Tibetano, parecem agora fazer mais sentido, depois de observar este modelo”, disse um dos investigadores, Jiangtao Li.

Acrescentando que “há uma correlação impressionante entre a localização dos terramotos e a orientação do manto superior indiano que foi fragmentado”.

Agora, o desafio passa por utilizar os novos dados recolhidos para ajudar a avaliar o risco de terramotos no futuro. Embora seja praticamente impossível prever um terramoto com um grau de precisão real, é importante ter uma ideia aproximada de quando e onde é que o desastre vai ocorrer para implementar programas de minimização de danos.

O estudo, publicado nesta segunda-feira na revista PNAS, pode melhorar significativamente as previsões de terramotos futuros na China, Índia, Nepal e Butão.

“No geral, a nossa nova pesquisa sugere que precisamos de ter uma visão mais profunda para sermos capazes de entender a evolução e a deformação continental dos Himalaias e do Tibete”, concluiu.

ZAP // Science Alert / RT

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