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Encontrada em Gibraltar a segunda pegada de neandertal no mundo

Erich Ferdinand / Flickr (OD)

O Homem do Neandertal

Investigadores das universidades de Huelva e Sevilha, juntamente com equipas de paleontologia de outros quatro países, incluindo Portugal, certificaram a descoberta em Gibraltar da segunda pegada no mundo de um homem de Neandertal, com cerca de 29.000 anos.

A pegada corresponderá a um jovem com cerca de 1,30 metros, noticia a agência Efe.

Trata-se de uma descoberta apoiada por especialistas das Universidades de Lisboa, do Geoparque Global Naturtejo e Universidade de Coimbra (Portugal), Toronto (Canadá), Atacama (Chile) e o Levantamento Geológico do Japão. O trabalho culminou uma investigação científica que certifica a descoberta de uma pegada apenas comparável com a encontrada na Gruta de Vartop (Roménia) e certificada em 2018.

A investigação, segundo a informação a que a Efe teve acesso, foi dirigida pelo catedrático da Universidade de Huelva Joaquín Rodríguez Vidal, que encontrou estes vestígios depois de analisar a paleopaisagem de uma duna localizada na zona do Levante del Peñon.

Além desta pegada humana, foram certificadas outras, pertencentes à fauna que povoava a zona, como cabras, linces, cervos, leopardos e inclusive elefantes.

A investigação, que será publicada na revista Qaternary Science Reviews, foi possível graças ao estudo de uma antiga pedreira de areia, hoje abandonada, que sofre frequentes derrocadas de sedimentos e deixa a descoberto estas pegadas, algumas em sequência vertical, outras em relevo.

No trabalho de investigação, o professor do Departamento de Cristalografia, Mineralogia e Química Agrícola da Universidade de Sevilha e autor principal do artigo, Fernando Muñiz, juntamente com colegas portugueses, submeteu as amostras recolhidas a estudos de laboratório e encontrou nas peças restos de pegadas de vertebrados.

Numa das análises reconheceram a pegada humana, apesar de para os investigadores clássicos datar entre 28.000 e 29.000 anos a pegada de um Neandertal ser objeto de polémica, uma vez que em teoria o seu desaparecimento ocorreu há 40.000 anos.

No entanto, “as evidências” com as que os investigadores têm trabalhado nos registos de grutas em Gibraltar “demonstram uma ocupação muito tardia” daquela zona por humanos Neandertais, tendo sido “um refúgio climático e de recursos alimentares para estes últimos habitantes”, indicaram Muñiz e Vidal.

A descoberta foi possível graças ao financiamento de Espanha e Gibraltar, cujas autoridades financiam há mais de 30 anos estudos que permitiram vários achados únicos, como as primeiras evidências mundiais de gravuras realizadas por Neandertais, encontradas precisamente na Gruta de Gorham, hoje Património da Humanidade.

// Lusa

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