Empresas com activos tóxicos do BPN devem 2.500 milhões ao Estado

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As empresas que gerem os activos tóxicos do BPN tinham dívidas ao Estado da ordem dos 2.500 milhões de euros, no final de 2015. Só a Parvalorem tem mais de 10 mil processos em tribunal, a maior parte por crédito em incumprimento.

Estes dados constam dos últimos relatórios e contas das empresas Parvalorem, Parups e Parparticipadas, as sociedades fundadas, em 2010, para ficarem com os activos tóxicos do ex-BPN, no âmbito do processo de reprivatização do banco.

Segundo a informação disponibilizada pela empresa, a carteira de crédito ascendia, no final de 2015, a 3.160 milhões de euros, sendo que 80% são créditos cujos devedores estão em incumprimento, ou seja, 2.500 milhões de euros.

Este valor respeita a empréstimos solicitados pelas empresas à Direcção Geral de Tesouro e Finanças (DGTF) para assegurarem o seu funcionamento.

Já os restantes 20%, equivalente a 660 milhões de euros, são empréstimos que estão a ser pagos normalmente pelos clientes.

A Parvalorem é a principal empresa devedora, com “mais de 60% da dívida total de 2.475,6 milhões de euros”, segundo avança o Dinheiro Vivo.

A Parups “devia ao Estado 851 milhões de euros no final de 2015” e a dívida da Parparticipadas é de “quase 39 milhões de euros”, sustenta o mesmo site económico.

Parvalorem tem 10 mil processos pendentes em tribunal

A Parvalorem tem mais de 10 mil processos em tribunal, a maior parte relativos a crédito em incumprimento, e cuja natureza varia desde acções declarativas até às insolvências, passando naturalmente pelas acções executivas, conforme disse à Lusa o presidente da Parvalorem, Francisco Nogueira Leite.

No entanto, o responsável explicou que nem todos os processos judiciais em curso decorrem da acção directa da empresa, uma vez que, em muitos casos, foram os próprios devedores em incumprimento que pediram o estatuto de Processo Especial de Revitalização (PER) ou em que foram apresentadas acções por terceiros, o que obriga a Parvalorem a reclamar de créditos.

Já no relatório do conselho fiscal da Parvalorem, relativo a Junho de 2016, disponível na sua página na Internet, são referidos os mesmos 10 mil processos legais em curso e é dito que “92% dos valores em dívida” estão “associados a processos judiciais”.

Refere ainda a Parvalorem que “62% da carteira não tem quaisquer garantias associadas”.

ZAP // Lusa

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