A Groundlink, empresa portuguesa que presta assistência a aviões em 19 aeroportos, nasceu em 2008 com as poupanças de um engenheiro de minas e hoje é responsável pela limpeza de 1.500 voos em toda a Europa.
O fundador da empresa, Francisco Bernardino, explica a Groundlink como um jogo de computador, uma vez que desde que foi constituída tem vindo “a subir de nível” – das limpezas dos aviões até à assistência aos passageiros -, acompanhando o crescimento das companhias de baixo custo (‘low cost’).
A Groundlink começou por fazer o recrutamento em Portugal para a companhia ‘low cost’ irlandesa Ryanair, negócio que lhe permitiu voar para o ‘handling’ (designação que abrange todos os serviços prestados em terra para apoio às aeronaves, passageiros, bagagem, carga e correio), negócio em que também tem vindo a saltar patamares.
“Começámos por ter licença para a classe de limpezas e serviço de água potável, porque a Ryanair precisava de ter quem assegurasse esse serviço. Depois passámos a fazer também supervisão do tráfego aéreo”, adiantou à Lusa o dono da empresa, Francisco Bernardino.
Agora, a Groundlink subiu mais um nível: acaba de obter licença de classe 2 para Portugal, que lhe permite fazer o ‘check-in’ de passageiros, em que se estreará, a partir de Outubro, nos aeroportos do Porto e de Faro.
Além de alargar os serviços prestados, a empresa tem vindo a estender a presença internacional, estando na Bélgica, em Espanha e no Reino Unido (até 01 de Maio vai abrir bases nos aeroportos de Luton e Gatwick), e a diversificar a carteira de clientes, continuando a Ryanair a ser a principal.
Fundada com 5.000 euros
Neste momento, a Groundlink limpa cerca de 1.500 voos em toda a Europa e tem a seu cargo a limpeza de 34% da frota da companhia irlandesa.
“Estamos a crescer essencialmente lá fora e sobretudo no Reino Unido, que é um mercado que funciona, onde existe concorrência. Em Portugal não vale a pena investir, porque as coisas estão estagnadas”, defendeu.
Hoje, o negócio do ‘handling’ já representa a maior parte do volume de negócios da empresa (o recrutamento representa hoje apenas 3%), que atingiu os sete milhões em 2013 e que deverá chegar aos 10 milhões no final deste ano.
“Neste momento, estamos a recusar trabalho, porque a nossa capacidade de expansão é limitada”, explicou.
Francisco Bernardino orgulha-se de ter constituído uma empresa do sector da aeronáutica com um capital social de apenas 5.000 euros, depois de ter passado um ano e meio à procura de um negócio para investir as poupanças da sua “primeira vida”, que passou pela prospecção mineira em Angola e na África do Sul.
“Durante um ano e meio, procurei um negócio. Percebi que Portugal estava dez anos atrasado e foi surfar a crista da onda”, acrescentou.
O próximo nível passa pela expansão da actividade aos aeroportos da Europa de Leste, adiantou o presidente da Groundlink, que emprega 220 trabalhadores e prevê chegar ao final do ano com mais de 300 funcionários.
/Lusa