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Empresa portuguesa deixa funcionários escolherem local e horário de trabalho

João Reis Fernandes, director-executivo da Decode

Empresa tecnológica dá liberdade aos seus trabalhadores. A maioria acaba por escolher horário “normal” e sente gratidão e responsabilidade.

As pessoas que trabalham na Decode, empresa portuguesa ligada à tecnologia, podem escolher o seu local de trabalho e o seu horário de trabalho.

A estratégia de descentralização de trabalho começou a ser aplicada no mês passado, em Janeiro, e vai ser prolongada até Junho deste ano. Será implementada gradualmente e, após este semestre, será avaliada.

João Reis Fernandes, director-executivo, contou ao ZAP que esta opção não surgiu por causa da pandemia.

Quando a Decode foi criada em Outubro de 2019, “já estavam montados processos para metodologia flexível, para o teletrabalho. Um regime híbrido, que até advogávamos para os nossos clientes, porque os custos de habitação e escritório são muito elevados nas grandes metrópoles, Lisboa e Porto”, justificou.

“Depois veio a pandemia. As pessoas foram obrigadas a isto. E aí foi um pouco o confirmar da nossa visão. Vamos formalizar o que já estava a acontecer. Damos aos trabalhadores a capacidade para gerir a sua vida, os seus afazeres do dia-a-dia, e relacionar a vida pessoal com o trabalho”, continuou João.

A empresa dedica-se a serviços na área da tecnologia, como bigdata, software e projectos. E este regime “não é sinónimo de falta de produtividade. Estudos sugerem que a produtividade até aumentou”.

Entre as cerca de 70 pessoas que trabalham na empresa, várias não vivem em Portugal.

Em relação ao horário de trabalho, a maioria não tem fugido ao habitual: “Por muita liberdade que se dê, as pessoas acabam por fazer um horário aproximado ao horário 9h-18h. Podem entrar mais tarde mas depois saem mais tarde”.

A carga horária mantém-se nas 40 horas por semana, “embora ninguém ande a controlar ao minuto, ninguém pica o ponto. Trabalhamos por objectivos, as pessoas sabem o que têm de fazer. Desde que as tarefas sejam cumpridas e o trabalho de uma pessoa não afecte o trabalho do grupo…”.

João Reis Fernandes partilhou que os funcionários se sentem agradecidos por esta flexibilidade: “Ninguém gosta de micro-gestão. Há sentimento, não vou dizer de dívida, mas de responsabilidade“.

E o espírito de equipa não desaparece? “Não há fórmula de sucesso, isto é uma opinião: com o trabalho remoto muitas empresas viram-se sem ferramentas essenciais para manter cultura empresarial. Mas as pessoas já não querem voltar atrás, não se querem enfiar em escritórios novamente, a tempo inteiro”, respondeu.

Por isso, o director da Decode sugere a procura por alternativas: “Por exemplo, algumas empresas contratam já uma pessoa que vai ser chief remote officer, uma gestora de equipa à distância, que tenta garantir que tudo decorre de igual forma, mesmo à distância”.

Não vamos voltar à cultura que tínhamos; vamos criar novas culturas. E o espírito de equipa acaba por existir porque as pessoas sentem-se bem, sentem-se em casa. As pessoas hoje em dia dão valor a coisas que, há dois ou três anos, não davam. Porque nem tinham oportunidade para dar valor a outras coisas. Agora têm”, finalizou o responsável pela empresa sediada em Lisboa.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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