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Empresa de anestesista recebeu meio milhão em prestações de serviços no ano passado

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A falta de anestesistas tem obrigado os hospitais a contratar especialistas em regime de prestação de serviço. Há empresas a receber quase o dobro do estipulado.

Segundo o Diário de Notícias, são várias as empresas onde os anestesistas recebem quase  o dobro do estipulado por lei. A notícias é avançada pelo matutino esta segunda-feira, numa altura em que a greve no Hospital Amadora-Sintra vem alertar para a falta destes profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

No ano passado, uma empresa recebeu quase 500 mil euros em prestações de serviço no Centro Hospitalar do Médio Tejo. De acordo com o diário, o anestesista em causa chegou a ganhar 42,21 euros por hora, quando o despacho publicado em 2018 em Diário da República estabelece que os médicos prestadores de serviço devem receber 22 euros e os especializados 26. Só em casos excecionais, e de forma temporária, o valor pode chegar, no máximo, aos 39 euros.

Este está longe de ser o único caso, mas chama a atenção pelo número de horas que conseguiu acumular, numa altura em que a greve de uma semana no Amadora-Sintra vem alertar novamente para a falta de anestesistas no Serviço Nacional de Saúde: os hospitais públicos têm 541 anestesistas em falta, segundo os Censos de Anestesiologia de 2017.

O Ministério da Saúde admitiu ao DN que têm sido autorizados regimes especiais que ultrapassam o imposto por lei “em zonas de reconhecida carência de recursos humanos”.

No entanto, o ministério garantiu que “o recurso ao pagamento de médicos em prestação de serviço tem sido uma opção em última instância, a que se tem recorrido para garantir a prestação de cuidados de saúde com qualidade a todos os portugueses”.

Em dezembro do ano passado, Marta Temido chegou mesmo a mostrar disponibilidade para pagar 500 euros à hora a um anestesista que assegurasse o serviço na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, durante o Natal.

“Não tenho conhecimento de que esse valor [500 euros] tenha sido pago em lado algum. O valor mais elevado de que ouvi falar foi 100 euros. Isso sim, acredito que em situações muito críticas – no verão, no Algarve, que é uma zona muito carenciada, – valores como este poderão ter acontecido”, refere Rosário Órfão, presidente da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, ao Diário de Notícias.

Esta segunda-feira, os médicos anestesistas do Hospital Amadora-Sintra começam uma greve de cinco dias para exigir a contratação de mais especialistas e condições de segurança clínica.

Há vários anos que os anestesistas deste hospital chamam “a atenção para a séria e grave limitação de anestesistas por excesso de trabalho sem qualquer tipo de resposta por parte do Ministério da Saúde ou mesmo do Conselho de Administração” do hospital, disse à Lusa o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha.

De acordo com dados adiantados ao DN pela Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, faltam 541 anestesistas no SNS. A presidente da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia adiantou este não é só um problema português e está relacionado com o envelhecimento da população, que passa a precisar de mais cuidados de saúde.

“O aumento dos atos que pedem a presença de um anestesista cresceu de uma forma exponencial, que não foi compensado em nenhum sítio do mundo”, afirmou Rosário Órfão.

ZAP //

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