Em 50 consultas médicas, 20 clínicos prescreveram antibióticos sem necessidade para casos de dores de garganta, segundo uma experiência da associação de defesa do consumidor Deco para avaliar a prescrição destes fármacos.
Foram escolhidas unidades de saúde, públicas e privadas, de forma aleatória nas áreas da Grande Lisboa e Grande Porto, tendo a Deco pedido a colaboradores, que não tinham quaisquer problemas, que indicassem ao médico sentir dores de garganta, mas sem febre nem qualquer outro sintoma.
“Nas 50 consultas, os médicos observaram a garganta e procuraram inteirar-se dos sintomas. Em 20 casos, receitaram de imediato um antibiótico”, refere a Deco num artigo publicado na sua página na Internet.
Nas restantes 30 situações, os supostos doentes perguntaram, sem insistir, se não seria melhor recorrer a um antibiótico. Numa unidade de saúde foi prescrito um daqueles remédios, com a indicação de que só deveria ser tomado “se a situação piorasse, tivesse febre e pontos brancos na garganta”.
“O uso incorreto e desregrado de antibióticos tem contribuído para aumentar a resistência das bactérias. Se não forem tomadas medidas para travar o desenvolvimento destas resistências, em poucos anos ficaremos sem armas para combater as infeções bacterianas”, avisa a associação de defesa do consumidor.
A Deco visitou também 70 farmácias, pedindo antibiótico sem receita médica, e apenas um estabelecimento vendeu o medicamento.
“Nas farmácias, a situação é menos inquietante”, refere o artigo, sublinhando que os farmacêuticos indicaram sobretudo a toma de analgésicos e anti-inflamatórios e, cerca de metade, alertou para a necessidade de consultar o médico se o estado de saúde piorasse.
Em comparação com um estudo anterior da Deco, realizado em 2007, considera-se que a situação melhorou.
Nessa altura, a venda de antibióticos sem receita nas farmácias rondava os 12%, uma proporção bem acima da verificada no atual estudo.
No caso dos médicos, a prescrição de antibióticos também diminuiu nas análises da Deco: há sete anos 57% dos médicos visitados prescreveram para a dor de garganta, percentagem que é agora de 42%.
/Lusa