Uma onda de calor fez proliferar uma bactéria oportunista que ceifou a vida a centenas de milhares de animais. Foi uma “catástrofe total”.
Em maio de 2015, uma onda de morte varreu as zonas rurais do Cazaquistão, onde morreram mais de 2000.000 antílopes saiga. A extinção em massa, uma das maiores já registadas, dizimou 80% da população local e mais de 60% da população mundial da espécie.
Na altura, muitas foram as possibilidades levantada. Combustíveis? Altas temperaturas? Finalmente os cientistas sabem a resposta.
Estas criaturas originárias da Eurásia, recorda a IFLS, existem há milhões de anos, e têm resistido aos tempos — andaram ao lado de rinocerontes lanudos e mamutes durante a Idade do Gelo.
Mas sofreram já 3 grandes extinções em massa nos últimos tempos, primeiro na década de 80, depois em 2015, uma extinção gigante, e de novo em 2017, já mais controlada devido ao conhecimento sobre a extinção anterior.
Por fim, descobriu-se que alguns fatores diferentes estavam envolvidos no evento de mortalidade em massa. A bactéria Pasteurella multocida foi apontada como a principal causa das mortes da saiga.
Na altura, o professor de biodiversidade EJ Milner-Gulland,disse mesmo: ““Está a tornar-se uma catástrofe total”. Foi um desastre “sem precedentes”, comentou-se na altura.
Mas a ideia das ondas de calor não é totalmente descabida: na verdade, como aquela região do Cazaquistão foi naquele ano atingida por invulgares temperaturas elevadas, isso levou a que a bactéria proliferasse, e se instalasse nos animais, infetando a corrente sanguínea dos antílopes, levando à septicemia hemorrágica, um tipo de envenenamento.
“Os eventos de mortalidade em massa, são uma grande ameaça para o antílope saiga e podem destruir muitos anos de trabalho de conservação e de crescimento da população de saiga em apenas alguns dias”, afirmou Steffen Zuther, gestor de projeto para o Cazaquistão na Sociedade Zoológica de Frankfurt.
“Por conseguinte, compreender estes MME, o que os desencadeia e o que pode ser feito para os combater é extremamente importante para desenvolver estratégias eficazes de conservação da saiga”, acrescentou. “É importante manter populações de saiga de tamanho suficiente para que a espécie sobreviva a tais catástrofes”.
E as tentativas de recuperação da espécie têm funcionado: a população está a crescer de tal forma que o Cazaquistão anunciou, em maio de 2025, que vai reautorizar a caça aos antílopes saiga.