// Omead Afshar / Twitter; Tesla

Omead Afshar, “o Solucionador de Musk”, segundo o WSJ
O CEO da Tesla despediu Omead Afshar, chefe de operações da empresa na América do Norte e Europa, numa altura em que o declínio das vendas em ambas as regiões se acentua, pelo quinto mês consecutivo, e a popularidade da marca de veículos elétricos continua em queda.
No fim do ano passado, Omead Afshar, um dos executivos mais seniores da Tesla, foi encarregado de melhorar os negócios da empresa de veículos elétricos na América do Norte e Europa, mas as vendas continuam a cair em ambas as regiões.
Afshar, que começou na Tesla como engenheiro em 2017, tornou-se um dos principais executivos de Musk, e foi promovido a vice-presidente para supervisionar os negócios nas duas regiões-chave em outubro passado, nota a revista Forbes.
Num perfil publicado em novembro de 2024, o Wall Street Journal chamou a Afshar “o Solucionador de Musk” e considerou-o um dos executivos mais poderosos da empresa — mas o engenheiro não sobreviveu ao pesadelo sem fim que a Tesla está a atravessar este ano, e foi despedido por Elon Musk.
O afastamento de Afshar ocorre poucos dias antes do final do segundo trimestre e segue-se à notícia de que as vendas de veículos elétricos da Tesla caíram pelo quinto mês consecutivo na Europa.
As vendas nos EUA também estão em baixa este ano e a China, o principal mercado da empresa sediada em Austin, registou uma queda de 15 % em maio.
Os analistas de mercado antecipam um declínio nas entregas de veículos elétricos da Tesla de pelo menos 10 % mundialmente no trimestre que termina a 30 de junho, para cerca de 392.800 unidades comparado com 443.956 há um ano.
A estreita ligação de Musk e o seu apoio financeiro massivo ao presidente norte-americano, Donald Trump, tiveram um impacto negativo na marca Tesla, particularmente durante o período em que o empresário liderou a iniciativa federal de cortes de empregos DOGE.
A empresa precisa desesperadamente de melhorar a sua gama, após o fracasso do muito criticado Cybertruck (que o próprio Musk diz que cavou a sepultura da Tesla), e de descobrir como competir com os rivais chineses, que registam um crescimento rápido nos últimos meses.
Mas em vez de adicionar novos modelos elétricos para impulsionar as vendas, a pessoa mais rica do mundo procurou convencer os investidores de que o futuro da empresa reside num novo serviço de robotáxi, em robôs humanoides e na IA.
Esta é uma aposta complicada, diz a Forbes, já que os carros elétricos, as baterias e os serviços de carregamento representam praticamente toda a receita da Tesla.
A empresa lançou uma versão piloto do seu serviço de robotáxi em Austin a 22 de junho, e embora não tenha havido acidentes ou ferimentos até agora, rapidamente ficou claro que a Tesla não está pronta para competir diretamente com a Waymo da Alphabet.
O teste do Robotaxi teve um pequeno número de Model Y em circulação, que fizeram viagens autónomas (mas com técnicos de segurança no banco da frente), que tinham sido abertas apenas a um pequeno grupo de passageiros pré-selecionados, e decorreu numa zona da cidade, com cerca de 77 km2.
Apesar deste ambiente altamente controlado, houve diversos relatos de comportamento errático dos veículos de teste, e a Administração Nacional de Segurança no Trânsito Rodoviário disse na segunda-feira que estava a rever esses incidentes com a empresa.
Numa publicação de 23 de junho no X, Afshar celebrou o lançamento do Robotáxi. “Dia absolutamente histórico para a Tesla. Isto foram anos de trabalho árduo e foco de tantas pessoas dentro da empresa”, escreveu o agora ex-solucionador de Musk. “Obrigado, Elon, por nos empurrares a todos!”