As primeiras elites egípcias brindavam com cerveja nas suas cerimónias

Apesar de numa configuração diferente da atual, a cerveja já era consumida nos tempos dos faraós. Ao contrário do que pensava, também as elites da sociedade da época eram suas fãs.

As primeiras elites da sociedade egípcia acompanhavam as suas celebrações mais importantes com cerveja. Esta é uma das contestações da equipa liderada por Jiajing Wang, da Universidade de Dartmouth, no New Hampshire, que se dedicaram a estudar e a analisar os fragmentos da cerâmica encontrada em Hierakonpolis, uma localização arqueológica no sol do Egito. As peças, apontam os investigadores, datam de 3800 a 3600 a.C, cerca de 600 anos antes de o Egito ser unido num único estado, governado por Narmer, o primeiro faraó.

De acordo com a New Scientist, os fragmentos foram encontrados numa área que serviu como uma antiga cervejaria e um cemitério – territórios que os investigadores acreditam terem sido usados exclusivamente pelos mais ricos na sociedade pré-faraó.  Numa fase inicial, os arqueologistas que escavaram os fragmentos assumiram que eles provinham de jarras usadas para transportar cerveja, mas a ideia ainda não tinha sido testada – ou até comprovada. Como tal, Wang e a sua equipa recorreram a análise de resíduos microfósseis para estudar os restos orgânicos que permaneciam nas cerâmicas.

“Analisámos grãos de amido, fitólitos, células de fermento e cristais de pedras de cerveja, elementos que não poderiam ser observados a olho tu”, explicou o investigador. A sua equipa encontrou resíduos de cerveja em bocados de cerâmica pertencentes a dez jarras de seis litros, as quais, acreditam, seriam usadas para as transportar.

Os estudos feitos de seguida indicaram que a cerveja seria feita de trigo, cevada e erva – com os restos de sílica vegetal. Isto leva a que se considere a “pasta” da cerveja terá sido filtrada para remover as cascas de cereais.

“A cerveja era provavelmente como uma papa grossa. Muito diferente do que bebemos hoje em dia”, explica Wang. A investigadora considera ainda que as bebidas provavelmente também tinham um baixo teor alcoólico.

Face à complexidade dos recipientes, a e quiçá acredita que a cerveja de então era feita sobretudo para as elites – com as dúvidas a permanecerem. Ainda assim, como foram encontrados frascos semelhantes no cemitério próximo destinado a pessoas da “classe alta”, a equipa especula que estes eram utilizados para guardar cerveja para uso em rituais e cerimónias.

“A cerveja era um alimento, muito provavelmente, consumido por todos e, ao mesmo tempo, em ocasiões especiais”, acrescenta Wang.

Os investigadores encontraram também fragmentos de jarras mais pequenas no cemitério local, acreditando que o conteúdo foi depositado nestes recipientes para consumo.

Para Travis Rupp, da Universidade de Colorado, esta pesquisa vem provar que a cerveja não era uma “bebida de qualidade reservada para as classes mais baixas”. “A qualidade e o sabor interessavam para as sociedades do antigo Egito e esta descobertas corrobora uma anterior que, acreditam os arqueólogos, dava conta da existência de uma cervejaria de grande escala em Abydos, datada de 3000 a.C – algo que parece indicar que o fabrico da bebida se industrializou no início da dinastia da dos faraós no Egito.

ZAP //

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