As lâmpadas dos lustres antigos piscam e as prateleiras de madeira escura esvaziam. Este empório de alimentos, antes conhecido por transportar mercadorias exóticas, fechou portas no dia 11 de abril.
Eliseevsky nasceu na Rússia czarista e é uma testemunha da ascensão e queda da União Soviética. Depois de ter sobrevivido a guerras e bastiões durante eras de escassez e abundância, fechou portas no dia 11 de abril, 120 anos depois de as ter aberto pela primeira vez.
A loja, frequentemente visitada por turistas, foi prejudicada pela pandemia de covid-19: as visitas dos estrangeiros diminuíram, assim como as dos próprios clientes russos que, devido à quebra no seu rendimento, procuravam mantimentos mais baratos.
Segundo o The Washington Post, o estabelecimento comercial tornou-se mais um dos que não conseguiu sobreviver ao aperto económico da pandemia. A notícia do seu encerramento desapontou alguns moradores de Moscovo, que encaravam o estabelecimento como parte importante da história local.
A estrutura do edifício, que fica na rua Tverskaya, é muito parecida com a dos palácios neobarrocos. “Não era apenas um lugar para passar e comprar comida”, disse à Reuters Yelena Bakhtina, enquanto fazia compras. “É um símbolo da cidade. Costumava vir aqui para admirar o interior.”
Além da ausência dos turistas, há também uma série de motivos legais que levaram à decisão de encerrar as atividades do estabelecimento.
Os proprietários da Eliseevsky estão envolvidos numa disputa legal com as autoridades de Moscovo sobre os direitos de propriedade. Em 2015, uma tentativa de leiloar o edifício falhou, pelo que a cidade ainda é detentora do espaço.
Eliseevsky era administrada pela Alye Parusa, uma rede de supermercados de alta qualidade que fechou recentemente. Os representantes da Eliseevsky tentaram fechar outros acordos, mas a disputa pela propriedade afasta potenciais licitantes.
Ainda assim, e apesar de encerrar as suas portas 120 anos depois, o departamento de propriedade da cidade russa disse à agência de notícias estatal Tass que a cidade pretende preservar o local. Principalmente, o interior.
“Independentemente de quem seja o proprietário ou inquilino das instalações, será assinado um acordo sobre a proteção do local, sob a obrigação de preservar um monumento arquitetónico, um objeto de património cultural de importância federal”, avançou o gabinete.