As eleições na Madeira são “bola de cristal” para as legislativas nacionais?

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Hugo Delgado/Lusa

Quem quebra um ciclo eleitoral é punido nas eleições seguintes — e “o povo desvaloriza a questão ética”.

Mais uma vez, o PSD fez “bailinho” na Madeira, e venceu sem dificuldade as eleições legislativas antecipadas — ficou a apenas um deputado da maioria absoluta. Com o PS a cair para terceira força política, será que os resultados do arquipélago nos podem dizer algo sobre as eleições legislativas nacionais que estão aí à porta?

Há quem diga que sim, há quem diga que não.

“A Madeira não é uma junta de freguesia, são 120 mil pessoas. É uma sondagem em tempo real“, diz Henrique Raposo na Renascença: “quando um partido quebra um ciclo eleitoral, forçando o Governo a cair, é punido nas eleições que se seguem”, e é isso que vai acontecer a 18 de maio no continente, acredita o analista. PS e Chega (que perdeu um deputado, ficando com 3) foram castigados por abanarem a estabilidade política.

E relembra dois casos: 2022, quando a geringonça caiu dando a maioria absoluta ao PS de António Costa; e o vitorioso Isaltino, que apesar das polémicas ligações a alegada corrupção ganhou várias vezes em Oeiras.

“O povo desvaloriza a questão ética” — algo a ter em conta numa altura em que Luís Montenegro enfrenta, no continente, elevado escrutínio.

Já o PS, grande perdedor da noite deste domingo, não vê qualquer ligação entre as duas eleições. “Quando perdem dizem que não pode haver leituras nacionais, mas metem a carne toda no assador nas eleições da Madeira”, acusa o mesmo comentador.

O secretário-geral socialista Pedro Nuno Santos assumiu a derrota — mas ela “é do PS da Madeira. Não há como ignorar”, e recusou retirar qualquer ilação para as legislativas antecipadas por considerar que não se pode fazer uma relação com a política nacional: a “relação com a política nacional não pode ser feita (…) não posso comentar a vida interna do PS/Madeira”.

António Costa Pinto, em conversa com a RTP, concorda: os arquipélagos cada vez mais ganham dinâmicas políticas próprias, diz o professor.

O primeiro-ministro Luís Montenegro, por sua vez, aproveitou a “varridela” social-democrata e já manifestou o seu desejo de que tudo isto se repita no continente, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa não quis tirar conclusões sobre estes resultados a nível nacional, a menos de dois meses para as eleições nacionais, mas explica o que aconteceu: “os madeirenses escolheram a estabilidade política”.

A apenas um deputado da maioria absoluta, o PSD pode vir a coligar-se com o CDS-PP para obtê-la, mas a decisão cabe à representação do partido na Madeira, garante o líder do CDS Nuno Melo.

Tomás Guimarães, ZAP //

9 Comments

  1. “As eleições na Madeira são “bola de cristal” para as legislativas nacionais?”
    Duvidam?
    O Pedro Nuno Santos, líder do PS (não é do BE), ainda não entendeu, pois também não tem nada para dar ao País e aos Portugueses, a não ser dar, por comunicação whatsapp, 500.000€ à Alexandra Reis, começando por dizer que não se lembrava.
    Tomou posição sobre a zona onde construir o aeroporto sem ouvir o Primeiro Ministro da altura e logo teve de recuar, revogando o despacho. Um precipitado!
    Agora, vem a Inspeção Geral de Finanças informar que o Ministério das Infraestruturas, liderado por Pedro Nuno Santos, pagou 55 milhões de euros por posição de Neeleman na TAP sem cálculos objetivos (Cfr. https://eco.sapo.pt/2025/03/24/governo-ps-pagou-55-milhoes-por-posicao-de-neeleman-na-tap-sem-calculos-objetivos-diz-igf/).
    Este Pedro Nuno Santos dá tudo sem fazer contas, nem pensar. A vida é-lhe fácil!

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  2. “Estabilidade ou Ingenuidade? O Povo e a Ética na Política”

    O recente desfecho das eleições na Madeira veio confirmar um padrão recorrente na política portuguesa: a desvalorização da ética quando em jogo estão figuras políticas de grande notoriedade e influência. Alberto João Jardim já tinha moldado um legado de governação hegemónica na região, e agora Miguel Albuquerque, apesar das polémicas e do escrutínio público, consegue uma vitória convincente. Esta realidade não é nova: Isaltino Morais, Fátima Felgueiras e Valentim Loureiro foram alvos de investigações e, ainda assim, o eleitorado premiou-os com novas oportunidades políticas. O que explica este fenómeno?
    A resposta pode residir num pragmatismo eleitoral que transcende a moralidade política. Quando os eleitores se deparam com casos de suspeitas de corrupção ou desonestidade, muitas vezes escolhem ignorá-los, seja por resignação ou por considerarem que a estabilidade e o desempenho administrativo dos candidatos são mais importantes do que as questões éticas. É assim que Isaltino regressa à presidência da Câmara de Oeiras, que Fátima Felgueiras volta ao poder depois de um exílio mediático no Brasil, ou que Valentim Loureiro mantém a sua influência apesar de sucessivas polémicas.
    Este fenómeno não se restringe à Madeira ou a eleições autárquicas. Ocorre sempre que um partido ou uma coligação decide romper um ciclo eleitoral, forçando novas eleições. Como Henrique Raposo assinala, “quem quebra um ciclo eleitoral é punido nas eleições seguintes”. Na Madeira, o PS e o Chega, que contribuíram para a dissolução da Assembleia Legislativa, sofreram penalizações evidentes nas urnas.
    Olhando para o panorama nacional, é inevitável questionar se esta dinâmica se repetirá a 18 de maio. Luís Montenegro e o PSD nacional tentam capitalizar a vitória madeirense como um prenúncio do que pode acontecer no continente. No entanto, Pedro Nuno Santos rejeita essa leitura, argumentando que os arquipélagos possuem dinâmicas próprias e que a derrota do PS na Madeira não deve ser extrapolada para o cenário nacional.
    Ainda assim, a história recente sugere que, em momentos de crise política, o eleitorado tende a privilegiar a estabilidade, muitas vezes relegando questões éticas para segundo plano. Se a desonestidade e a suspeição sobre certos políticos não impedem a sua vitória, talvez seja porque o povo vê na governabilidade e no pragmatismo administrativo um valor superior ao escrutínio moral. Mas será esta uma escolha consciente e informada? Ou estaremos perante um eleitorado ignorante e condescendente com práticas políticas duvidosas? A complacência com a corrupção e a desonestidade política levanta uma questão preocupante: será o povo ingénuo ou apenas resignado?
    Artur Orfão

    • O factor decisivo para o voto é no Partido e não no candidato, em ultima instancia está o Partido em primeiro lugar para a decisão do Voto. isso explica as votações anormais.
      O que se percebe aqui, é que alguns sabem que é assim e embora tenham a “cara suja” poem-se à frente no Partido e lá vão para o poleiro. Gente intelectualmente deshonesta.
      O que os politicos deviriam fazer, e não fazem, é legislar o “Combate à Corrupção” e estabelecer como primeira medida e de imediato, alguem que esteja envolvido num caso, é-lhe suspensa de imediato toda a actividade Publica. Depois, em caso de condenação, teria como medida acessória afastar-se da politica e da Publica durante 10 anos. Isto no minimo.

  3. O Partido Socialista (PS) sofreu uma expressiva derrota, marcando um dos seus piores resultados na história do arquipélago. O PS, perdeu votos significativamente, ficando em terceiro lugar atrás do JPP, que passa a ser, agora, o líder da oposição. A queda drástica do PS vem no âmbito da crise nacional que assola o partido, a que não é alheio a queda do governo socialista (de maioria absoluta) de António Costa e a consequente nova liderança de um indivíduo ultra-radical, sem competência e vazia de ideias. De acordo com o deputado socialista (madeirense), Carlos Pereira, o resultado obtido pelo PS, é trágico!Afirmou também, que não sabe, depois de três derrotas consecutivas, o que está Paulo Cafôfo à espera para se demitir. Esta é a 15ª derrota eleitoral do partido socialista na Madeira, tantas quantas as eleições legislativas regionais ocorridas.Este ciclo negro do PS não é apenas uma crise passageira – é o retrato de um partido em colapso. A pressão sobre os dirigentes nacionais está a atingir um ponto de ruptura, e o desastre inevitavelmente se refletirá nas próximas eleições legislativas. O PS é hoje um navio à deriva, sem rumo, sem estratégia e, sobretudo, sem liderança. Falta-lhe, ao seu líder, não só competência, mas também carisma e credibilidade. Um partido que outrora dominou a cena política reduz-se agora a um amontoado de hesitações e fracassos, incapaz de se renovar ou inspirar confiança. O preço dessa incompetência e da irresponsabilidade de votar as quedas dos governos da Madeira e da República, será pago nas urnas.

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    • a esperteza não é inteligencia.
      Se o candidato fosse inteligente, honesto, e estivesse em primeiro lugar o interesse do colectivo em vez do interesse pessoal, o candidato ao fim da 1º derrota, deveria dar o lugar a outro pois o eleitorado não “pega”. Em vez disso, vão se candidatando na esperança que o Voto um dia lhe caia “do céu”.

  4. Portugueses, em nome do Interesse Nacional não vão votar, digam não a este ilegítimo, criminoso, corrupto, e anti-democrático regime liberal/maçónico imposto pelo golpe de Estado da OTAN a 25 de Abril de 1974.
    Visto que vamos ter Eleições, é preciso antes que as mesmas ocorram alterar a Lei Eleitoral de maneira a impedir que os Estrangeiros possam votar nas Eleições Presidenciais, Autárquicas, Legislativas, e Referendos, somente os Portugueses de Raça/Sangue e os seus descendentes podem ter direito a voto, caso contrário vai novamente haver fraude eleitoral com os Estrangeiros a votar para substituir os votos em falta da Maioria Silenciosa dos Portugueses representados pela Abstenção: «PT apela a comunidade brasileira para que vote à esquerda» (https://observador.pt/2024/03/08/pt-apela-a-comunidade-brasileira-para-que-vote-a-esquerda/), «Brasileiros em Portugal mobilizam-se para as eleições legislativas» (https://www.dn.pt/2647201781/brasileiros-em-portugal-mobilizam-se-para-eleicoes-legislativas/), «Seita ‘vende’ 100 mil votos ao PSD» (https://www.sapo.pt/jornais/nacional/10256/2023-12-20).
    É preciso também legislar para impedir os Estrangeiros de exercerem qualquer tipo de cargo político em Portugal, e proibi-los de exercer actividade política, sindical, de associação, ou de manifestação.

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