E se a Terra girasse na direção oposta?

Apesar de não termos essa perceção, a Terra gira em direção a Este, pelo que o Sol, a Lua, e todos os corpos celestes que podemos ver, parecem sempre erguer-se a partir dessa direção e pôr-se no ocidente.

Mas apesar de sempre ter sido assim, o planeta poderia igualmente girar na direção oposta e a vida continuaria como de costume.

Para este exercício de pensamento, podemos imaginar um planeta semelhante ao nosso, mas girando para Oeste.

Não é possível parar a Terra e invertê-la. Tal como lembra o IFL Science, caso o mundo parasse de girar, seríamos expostos a tsunamis apocalípticos, oceanos a migrar para os pólos e a ausência de campo magnético para lidar com todas estas mudanças.

Como é um cenário altamente catastrófico e indesejável, podemos apenas fingir amanhã acordamos e a Terra estará a girar para o outro lado.

A primeira coisa que iríamos notar seria o nascer do sol a oeste. Até aí, tudo bem, nada de cenários devastadores. O que iria mudar seria o clima, a começar pelos ventos.

O fenómeno é conhecido como o efeito Coriolis e é visto, frequente e erradamente, como o motivo pelo qual, quando a água escoa da pia da casa de banho, o seu movimento circular é no sentido do ponteiro dos relógios ou contra esse sentido — dependendo se estámos a norte ou a sul do Equador.

Mas na atmosfera, o efeito é muito mais óbvio. Os ventos alísios no Equador já não iriam soprar em direção ao oeste. E os ventos de leste nas latitudes médias, tais como os EUA e a Europa, mas também a Argentina e parte da Austrália, deixariam de se fazer sentir nessa direção.

A biodiversidade no planeta depende de adaptações que levaram muito tempo a desenvolver-se e alterar tudo para o seu oposto teria resultados difíceis de antecipar. Muitas espécies, como os humanos, seriam afetadas por isto.

Outro âmbito no qual a alteração se iria fazer sentir seria o das correntes — as quais seriam afetadas pela rotação e, nas zonas costeiras, pelos ventos. O fluxo estabelecido de água quente ou fria nos oceanos sofreria uma mudança drástica, com efeitos peculiares em todo o planeta. O impacto imediato é difícil de quantificar.

E os desertos?

Este exercício já foi replicado por um exercício de modelagem, em 2018, que se focou na centrifugação Terra-análogo na direção oposta. Um local onde se sentiria uma diferença clara seria no Sara. De forma resumida, este simplesmente deixaria de existir.

Por outro lado, a África e o Médio Oriente seriam muito mais verdes do que são atualmente. O sul dos Estados Unidos, as Caraíbas, a América Central, o sul do Brasil e a Argentina seriam, contrariamente, desertos. O mesmo aconteceria com o Japão e a costa oriental da China.

A mudança dos ventos e das correntes afetaria igualmente as temperaturas e a precipitação. As regiões que agora são desertos seriam muito mais quentes e secas, ao passo que a Europa seria muito mais fria e húmida, assim como o Magrebe e o Médio Oriente, partes da Austrália e da Nova Zelândia.

As rotações dos planetas não são todas iguais

Todos os planetas do Sistema Solar orbitam o Sol na mesma direção. Graças à conservação do impulso angular da nuvem de gás a partir da qual o Sol se formou, todos os planetas estão nesta espécie de carrossel sincronizado. Mas fazer girar um planeta na direção oposta não é impossível.

Urano parece ter sofrido uma grande colisão que o fez girar com uma inclinação, pelo que durante a sua viagem de 84 anos à volta do Sol, os pólos apontam diretamente para ele durante os seus respectivos verões.

Mais interessante ainda, é o caso de Vénus. O irmão quente da Terra tem um dia extremamente longo (cerca de 224 vezes mais longo que o da Terra) e gira na direção oposta. Assim, em Vénus, o Sol pôr-se-ia no Oriente.