Ao 768.º dia de guerra na Ucrânia, a Rússia, finalmente, usou o termo “guerra”. Até então, os russos descreviam a invasão como “ocupação militar especial”.
Parece que a “operação militar especial” russa na Ucrânia chegou ao fim.
Mais de dois anos depois da invasão ao país vizinho, os russos, finalmente, mudaram o discurso e assumiram estar em “guerra”.
Esta sexta-feira, numa entrevista ao jornal russo Argumenty i Fakty, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que a Rússia passou a estar em “estado de guerra”, porque “o Ocidente se intrometeu”.
“Estamos em estado de guerra. Sim, isto começou como uma operação militar especial, mas assim que este grupo se formou, quando o Ocidente se tornou um participante do lado da Ucrânia, para nós isto tornou-se uma guerra. Estou convencido disso. E todos devem compreender disso para bem da própria mobilização interna”, atirou o porta-voz russo.
Peskov disse ainda que a prioridade do Kremlin é defender os seus cidadãos e o seu território: “Temos quatro novas divisões federais [Kherson, Zaporijia, Lugansk e Donetsk]. A nossa prioridade é proteger as pessoas destas regiões e libertar esses territórios, que estão atualmente ocupado pelo regime de Kiev”, acusou.
Na mesma entrevista, Dmitri Peskov disse que “os traidores” que começam a lutar contra a Rússia “devem ser destruídos”.
Guerra? “Só” 768 dias depois
Na manhã de 24 de fevereiro, pelas 5h50 de Moscovo, Vladimir Putin dirigiu-se aos seus compatriotas para anunciar o que há semanas os governos europeus e norte-americano vinham a antecipar, mas que o Kremlin insistiu em classificar como “especulações provocatórias“: a Rússia invadiu a Ucrânia.
Àquela data, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, descreveu a missão como uma “operação militar especial”, para “desmilitarizar e desnazificar” a Ucrânia.
768 dias depois, a “operação” matou milhares de soldados e civis, provocou uma das maiores crises mundiais e abanou as principais estruturas e organizações ocidentais.
No entanto, o ataque russo começou há dez anos, com a anexação da Crimeia, a 27 de fevereiro de 2014 — quando homens armados, encapuzados e sem distintivo ocuparam o parlamento e a administração da península.
Mais tarde, Vladimir Putin admitia que os soldados eram seus.
Dois (ou dez) anos depois, o Kremlin nunca mencionou a palavra “guerra” nos seus discursos. Até hoje.
Guerra na Ucrânia
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Finalmente, cai a máscara – com, mais uma vez, a desculpa do Ocidente. Libertar os territórios que estão actualmente ocupados por Kiev é uma expressão magnífica, cheia de estilo.