“É ajudar Putin”? Trump trava toda a ajuda militar à Ucrânia

3

JAVAD PARSA ; POOL/EPA

O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy

Os Estados Unidos estão a “suspender e a rever” a sua ajuda para “garantir que está a contribuir para uma solução”. Anúncio surge pouco depois da humilhação em Washington.

O Presidente norte-americano Donald Trump determinou esta segunda-feira a suspensão do apoio militar à Ucrânia, pouco depois da polémica altercação da semana passada com o presidente Volodymyr Zelenskyy na Casa Branca.

Fonte da Casa Branca citada pela Associated Press (AP) referiu que Trump está focado em chegar a um acordo de paz para terminar a guerra que dura há mais de três anos e que pretende ter Zelenskyy comprometido com esse objetivo. A mesma fonte, que falou sob a condição de anonimato, acrescentou que os Estados Unidos estão a “suspender e a rever” a sua ajuda para “garantir que está a contribuir para uma solução”. Outra fonte da Casa Branca sublinhou que os Estados Unidos “precisam que os seus parceiros também se comprometam a atingir o objetivo” da paz.

Esta medida interrompe a entrega de armas ou equipamentos que já se encontrem em território polaco e prontos para entrega final aos ucranianos, de acordo com a estação Fox News, citada pela agência Efe.

Todo o equipamento militar destinado à Ucrânia que não esteja já no país invadido será travado, segundo a agência Bloomberg: são milhares de milhões de euros em envios cruciais bloqueados.

Oleksandr Merezhko, presidente da comissão parlamentar dos negócios estrangeiros da Ucrânia, disse à Reuters que “parar a ajuda agora é ajudar Putin” e que “parece que Trump está a empurrar a Ucrânia para aceitar as exigências russas”.

No total, os EUA prometeram 31,7 mil milhões de dólares de ajuda em armamento à Ucrânia através da autoridade presidencial de levantamento de fundos (PDA)— um dos dois programas destinados à ajuda da Ucrânia. A grande maioria — mais de 20 mil milhões de dólares, de acordo com uma análise da Reuters — já foram enviados.

“Estamos a viver tempos perigosos. A segurança da Europa está ameaçada de uma forma muito real”, afirmou a Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen,esta terça-feira, na apresentação do “Rearmar a Europa”, um novo plano para desbloquear até 800 mil milhões de euros de despesas adicionais com a defesa nos próximos anos.

“A era de depender de outros para enfrentar os desafios internacionais fundamentais em nosso nome acabou. Chegou o momento de a Europa passar decisivamente das palavras à ação”, escreveu o primeiro-ministro checo, Petr Fiala, no X.

Em França, o ministro dos Negócios Estrangeiros questiona: “se queremos paz, será que a suspensão do fornecimento de armas à Ucrânia nos aproxima da paz ou nos afasta? A suspensão do fornecimento de armas à Ucrânia aproxima-nos da paz ou afasta-nos?”.

Benjamin Haddad diz ainda que “temos de exercer pressão sobre a Rússia e não sobre a Ucrânia, como parece estar a acontecer nas últimas semanas”.

Trump a perder a paciência com Zelenskyy

O Presidente norte-americano tinha voltado a criticar na segunda-feira o homólogo ucraniano por não estar tão grato como deveria pela ajuda dos Estados Unidos. “Acho que ele deveria estar mais grato, porque o nosso país apoiou-os contra todas as probabilidades“, disse Trump numa cerimónia na Casa Branca, onde na passada sexta-feira repreendeu publicamente Zelenskyy durante a visita a Washington.

Na reunião na Sala Oval na sexta-feira, Trump e o seu vice-presidente, JD Vance, criticaram severamente o líder ucraniano por este não agradecer o apoio dos Estados Unidos e acusaram-no de não estar a contribuir para um cenário que torne possível um plano de paz com o Presidente russo, Vladimir Putin.

O presidente ucraniano “não tem as cartas na mão” e que está a “brincar com as vidas de milhões de pessoas” disse Trump, que rematou: “estás a “brincar com a III Guerra Mundial”.

Trump discorda de Zelenskyy por este ter sugerido que poderá demorar muito tempo a chegar a um acordo entre a Rússia e a Ucrânia para pôr fim à guerra, mostrando profundas divergências entre os dois países sobre esta matéria.

Já na segunda-feira à tarde Trump tinha recorrido à rede social Truth Social para avisar que “os Estados Unidos não vão tolerar isto por muito mais tempo”, referindo-se à posição do homólogo ucraniano.

Zelenskyy, mesmo depois do episódio na Sala Oval, continuou a oferecer uma visão positiva sobre a relação EUA-Ucrânia. “Penso que a nossa relação (com os EUA) vai continuar, porque é mais do que uma relação ocasional“, disse Zelensky, referindo-se ao apoio de Washington nos últimos três anos de guerra.

Na Casa Branca, Trump voltou na segunda-feira a sublinhar que um acordo com Moscovo “poderia ser alcançado muito rapidamente”, pressionando Zelenskyy a aceitar o que está em cima da mesa.

Também na segunda-feira, Trump sublinhou que o acordo sobre os minerais ucranianos, cuja assinatura foi adiada na sexta-feira na sequência da altercação na Casa Branca, ainda pode ser concluído.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. O Putin agradece.
    Tá visto que o encontro do Zelensky com Trump foi uma cilada, teve por objectivo arranjarem um motivo para bloquear a ajuda à Ucrania.
    Miserável, repugnante.

    3
    1
    • Entao mas o venturinha nao foi convidado para o beija mao ao trampas?
      Nao dao amiguinhos?
      Nao pertencem à mesma frente internacional fascizoide?
      E agora como fica o boneco chegasno? Nao diz nada sobre a entrega da Ucrânia ao filho da putin?
      Hipócrita!

  2. O Trump tem de retribuir os favores que tem recebido de Moscovo e que permitiu que chegasse a presidente, já ninguém dúvida.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.