O Governo libanês decretou, esta quarta-feira, o estado de emergência por duas semanas em Beirute, na sequência das explosões no porto da capital. O último balanço feito pelo Governo aponta para 135 mortos.
Pelo menos 135 pessoas morreram na sequência das explosões no porto de Beirute, esta terça-feira, e dezenas continuam desaparecidas, segundo um novo balanço divulgado pelo Governo libanês, que acrescentou que há mais de cinco mil feridos.
Pelo menos 22 militares da Missão das Nações Unidas no Líbano, provenientes do Bangladesh e de Itália, encontram-se entre os feridos.
Esta quarta-feira, o ministro da Informação libanês, Manal Abdel Samad, também anunciou que foi decretado o estado de emergência por duas semanas em Beirute. Em conferência de imprensa, o governante adiantou que “um poder militar supremo” entrará em vigor, imediatamente, para garantir a segurança da cidade.
O governador da capital, Marwan Abboud, disse que até 300 mil pessoas terão ficado sem casa. “Perto de metade de Beirute está destruída ou danificada”, declarou, acrescentando que “os danos podem ascender a entre 2,5 a 4,2 mil milhões de euros”.
As violentas explosões que sacudiram Beirute deverão ter tido origem em materiais explosivos confiscados e armazenados, há vários anos, no porto da capital libanesa. O primeiro-ministro, Hassan Diab, revelou que cerca de 2750 toneladas de nitrato de amónio estavam armazenadas no depósito que explodiu.
Segundo a agência Reuters, citada pelo jornal Público, já foram colocados em prisão domiciliária todos os responsáveis pela segurança e pelos armazéns do porto de Beirute desde 2014.
Fonte próxima da administração do porto referiu que, há seis meses, houve uma inspeção no local e, na altura, foi feito o aviso de que se o material não fosse retirado “poderia fazer explodir Beirute”.
De acordo com o mesmo diário, a grande quantidade de nitrato de amónio terá sido confiscada a um navio, em 2013, que pertenceu a um cidadão russo que vivia no Chipre. O navio terá chegado à capital libanesa, enquanto viajava da Georgia para Moçambique, devido a problemas mecânicos.
A Cornelder, empresa gestora do porto da Beira, em Moçambique, negou à Lusa que tenha sido notificada que um navio “com essas características e carga” se destinasse ao país.
Vários países começam a enviar ajuda
A União Europeia (UE) está a preparar o destacamento urgente de meios para ajudar as autoridades libanesas, anunciou a Comissão Europeia.
“O Mecanismo de Proteção Civil da UE está agora a coordenar o destacamento urgente de mais de 100 bombeiros altamente treinados, com veículos, cães e equipamento, especializados em busca e salvamento em contextos urbanos”, segundo um comunicado do comissário europeu para a Gestão de Crises, Janez Lenarcic.
O Executivo comunitário destaca ainda que Holanda, Grécia e República Checa confirmaram já a sua participação nesta operação e que França, Polónia e Alemanha ofereceram ajuda através do mecanismo.
Em declarações à Lusa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, também adiantou que Portugal irá participar no plano de apoio da UE. “O gabinete de crise da União Europeia está a assumir, naturalmente, a coordenação do apoio humanitário europeu e Portugal fará parte desse apoio”, disse.
O ministro confirmou que, até ao momento, não há informação de portugueses entre as vítimas, admitindo que ainda falta contactar parte dos inscritos no registo consular.
Na conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal, a secretária de Estado da Saúde, Jamila Madeira, revelou que o mecanismo europeu de proteção civil deverá informar, “no máximo nas próximas 24 horas, quem e quantos serão os operacionais da saúde e das outras áreas de intervenção que irão para o Líbano”.
ZAP // Lusa