Droga escondida em fruta e ligações ao “Escobar brasileiro”. Arrancou o julgamento de “Xuxas”

O caso foca-se na maior rede de tráfico de drogas em Portugal, que foi desmantelada pela Polícia Judiciária em 2022. A rede teria ainda ligações a vários países e trabalhava com Sérgio Carvalho, conhecido como o “Pablo Escobar brasileiro”.

No julgamento daquela que é descrita como uma das maiores redes de tráfico de droga a operar em Portugal, Rúben Oliveira, apelidado de “Xuxas”, é o nome no centro do caso, que soma 16 arguidos.

“Xuxas” é acusado de estar ligado diretamente à operação de tráfico de drogas e já pediu proteção policial por medo de represálias. A rede de “Xuxas” é suspeita de ter ligações internacionais, inclusive com o major Sérgio Carvalho, conhecido como o ‘Pablo Escobar brasileiro‘, movimentando mais de uma tonelada de cocaína. Um dos episódios mais marcantes da investigação foi a apreensão da PJ de 12 milhões de euros em 2020 ligados à rede de Carvalho, sendo que cinco milhões seriam proveitos diretamente relacionados com Oliveira.

A investigação sugere que a organização tinha conexões não só em Portugal mas também com o Comando Vermelho, no Brasil, e o Cartel de Medellin, na Colômbia, mostrando a amplitude internacional da rede. Sérgio Carvalho foi capturado em Budapeste, em junho de 2022, uma semana antes de “Xuxas” ser detido em Lisboa.

Durante o julgamento, William Cruz, acusado de ser um “batedor” para a rede, afirmou que a sua presença perto do aeroporto, supostamente para vigiar a chegada de um carregamento de drogas, era na verdade um encontro casual com um amigo.

Essa declaração somou-se à de Gurvinder Singh, um comerciante português de origem indiana, que negou saber que a fruta que importava do Brasil, alegadamente para a sua empresa, escondia cocaína. O arguido não explicou por que é que deixava que terceiros usassem a sua empresa e mencionou que foi Rúben Oliveira quem lhe apresentou a pessoa responsável pela importação da fruta, insistindo na sua ignorância sobre o contrabando, aponta o Correio da Manhã.

Rúben Oliveira, por sua vez, identificou-se como empresário do ramo de táxis e pastelaria, mostrando disposto a falar em tribunal ao longo do julgamento, conforme as provas forem apresentadas. A acusação aponta que a organização liderada por “Xuxas” beneficiava de conexões estratégicas nos portos de Setúbal e Leixões, bem como no aeroporto de Lisboa, facilitando a entrada e distribuição de drogas no país.

O julgamento atraiu medidas de segurança extraordinárias, com um intenso aparato policial e segurança pessoal atribuída aos juízes, refletindo a gravidade e sensibilidade do caso. Mais de 350 quilos de cocaína, avaliados em 17 milhões de euros, foram apreendidos, e foram intercetadas milhares de mensagens pelas autoridades francesas em servidores encriptados.

Rúben Oliveira, que conseguiu fugir para o Brasil antes de ser capturado após o seu retorno a Portugal, está em prisão preventiva, tal como outros envolvidos. A acusação inclui tráfico de droga agravado, associação criminosa e branqueamento de capitais. A defesa de “Xuxas” descreve as acusações como “fantasia”, criticando o “aparato desnecessário” do julgamento.

O caso continua a desenrolar-se com um pacto de silêncio entre os arguidos, que aguardam a apresentação de provas antes de se pronunciarem.

ZAP //

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