A exposição à luz durante a noite foi associada a doenças cardíacas. No maior estudo deste género, a luminosidade demonstrou perturbar os relógios internos do nosso corpo (ou ritmos circadianos) que mantêm os processos fisiológicos operacionais.
Quanto maior for a exposição à luz durante a noite, maior será o risco de doença cardíaca.
Foi o que demonstrou o maior estudo realizado até à data, sobre o modo como a luz noturna afeta a saúde do coração, publicado no final de junho no medRxiv.
Várias pistas ambientais e comportamentais sincronizam os ritmos circadianos do nosso corpo – relógios internos que regem os processos fisiológicos. Mas a vida moderna pode desregular estes relógios biológicos, aumentando a nossa suscetibilidade a diferentes condições.
Como refere a New Scientist, a luz, um dos principais fatores que influenciam os ritmos circadianos, tem sido associada a vários impactos na saúde.
Por exemplo, os trabalhadores por turnos expostos à luz durante a noite têm um risco mais elevado de doença cardíaca.
Neste estudo foram acompanhados cerca de 89.000 pessoas sem doenças cardiovasculares que usaram sensores de luz.
Os sensores captavam qualquer luz natural ou artificial do ambiente, incluindo a emitida pelos telemóveis. Ao longo de oito anos, as pessoas com as noites mais luminosas tinham um risco 23 a 56% maior de desenvolver doenças cardiovasculares do que as que tinham noites escuras.
O estudo refere que o nosso corpo continua a responder a uma luz artificial depois de esta ter sido desligada e que mesmo exposições curtas podem afetar os ritmos circadianos.
Os investigadores controlaram fatores como o sexo, a idade, o tabagismo e o trabalho por turnos. Mostraram também que a associação entre a exposição à luz e o risco de doença cardíaca era independente da duração ou eficiência do sono, ou de uma predisposição genética para a doença cardíaca – apontando, em definitivo, a exposição noturna à luz como o principal fator dos resultados.
Ainda assim, o estudo demonstrou que o sistema circadiano das mulheres é mais sensível à luz brilhante do que o dos homens.
O líder da investigação, Daniel Windred, da Universidade de Flinders, na Austrália, recomenda que todos tentem tornar as suas noites mais escuras.
“Escolha um intervalo de tempo em que normalmente está a dormir e proteja a escuridão desse intervalo todas as noites. Se se levantar durante a noite, utilize uma iluminação ténue e quente e evite acender as luzes brilhantes do teto”, disse, citado pela New Scientist.