Dois pesos e duas medidas: Por que Montenegro não explica as “diferenças” entre Costa e Albuquerque?

7

ppdpsd / Flickr

O ex-líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro

O líder do PSD, Luís Montenegro

Luís Montenegro está a ser criticado por adotar diferentes posições em relação às investigações que levaram à demissão de António Costa e às que, agora, afetam o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque.

O presidente do Governo Regional da Madeira Miguel Albuquerque foi constituído arguido num processo que levou, esta quarta-feira, à detenção do presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado (PSD) e de dois gestores da construtora AFA.

A Polícia Judiciária (PJ) levou a cabo cerca de 130 buscas, na Madeira e em vários locais do continente, por suspeitas de crimes de atentado contra o Estado de direito, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, corrupção passiva, corrupção ativa, participação económica em negócio, abuso de poderes e de tráfico de influência.

Ainda antes de sair a notícia de que Albuquerque também tinha sido constituído arguido, Luís Montenegro sublinhou, em declarações aos jornalistas, que não tenciona retirar a confiança política a Miguel Albuquerque.

O líder do PSD rejeitou comparações entre as investigações de que o presidente do Governo da Madeira é alvo e aquelas que, a 7 de novembro, atingiram o primeiro-ministro António Costa defendendo que “as diferenças são mais do que muitas”, sem, contudo, especificar.

Parcialidade de Montenegro questionada

Quando a Operação Influencer espoletou, Luís Montenegro foi pronto a posicionar-se a favor da demissão de António Costa. Diferente postura é agora adotada pelo líder da nova Aliança Democrática (AD), que não se opões à continuidade do arguido Miguel Albuquerque, no Governo Regional da Madeira.

Dada a diferença de comportamentos, no espaço de cerca de dois meses, a posição agora adotada por Montenegro espantou os especialistas.

Em declarações à Antena 1, a politóloga Paula Espírito Santo explicou que este tipo tiram credibilidade às instituições, considerando ainda a posição de Montenegro “surpreendente”, já que o líder do PSD agiu de forma diferente com António Costa.

“São posições que, neste momento, poderão causar alguma perplexidade, sobretudo tendo em conta o passado recente a nível nacional, em que a posição não era a mesma. Daí que podemos considerar que dois pesos e duas medidas“, atirou.

Na CNN Portugal, também Anabela Neves criticou Luís Montenegro por dizer que “há enormes diferenças” entre os casos de Costa e Albuquerque.

Não sei bem a que diferenças ele se está a referir. No caso do continente, temos o chefe do Governo; no caso da Madeira, temos o chefe do Governo Regional. Em qualquer um dos casos, estamos perante o órgão executivo máximo previsto em cada um dos locais. Portanto, o que aconteceu com António Costa podia aplicar-se aqui. Dizer que há enormes diferenças não sei se é o melhor caminho para olhar para isto”, disse a comentadora de política.

Montenegro “irritado”

De acordo com o Diário de Notícias, quando questionado se o exemplo dado por Costa não deveria agora ser seguido por Albuquerque, Luís Montenegro ter-se-á demonstrado “nitidamente irritado”.

“Não sei porque é que me está a fazer essa pergunta assim, sinceramente (…) As diferenças são mais do que muitas, mas não vou estar aqui a deter-me nisso. Quero, aliás, recordar que sou daqueles que emitiu sempre uma opinião, segundo a qual não foi um parágrafo que esteve na génese da demissão do primeiro-ministro”, referiu o líder social-democrata.

Montenegro disse ainda que já tinha falado com Albuquerque, tendo-lhe pedido que fizesse um esclarecimento rápido e elucidativo deste processo.

“É evidente que ninguém está acima da lei e não é por essas pessoas exercerem funções em representação do PSD que há um princípio diferente daquele que é aplicável a todos os demais”, garantiu Luís Montenegro.

Miguel Esteves, ZAP //

7 Comments

  1. Eu também acho que não foi (só) um parágrafo que levou AC a demitir-se, mas só nesse ponto é que dou razão a LM. É por estas e por outras que o Chega – que ainda não faz parte do “sistema” – vai capitalizando apoios, mesmo que muitos desses apoios sejam torcionários, ignorantes, preconceituosos, oportunistas, etc.

  2. E é assim que se percebe a qualidade da nossa classe política! Agora entendo porque tem uma casa com 6 pisos e oito WCs;D e não paga IMI, claro!

  3. Nem a este nem ao amigo da Madeira compraria eu alguma vez uma viatura em 2a mão ( ao Costa talvez comprasse mas só com uma garantia por escrito e com caução)

  4. O homem está irritado… podera pois ele faz parte da farinha do mesmo saco…
    ainda não explicou o que fez em relação à sua casa em Espinho e convinha explicar o porque de parte dos trabalhos nessa casa terem sido oferecidos por empresas de CC… mas a memória e muito curta quando interessa…

  5. Onde a classe política domina só pode cheirar mal. Por isso o Estado não pode, não deve ser patrão. Só havia empregos para os seus clientes. Veja-se Açores e Madeira. Mas sempre a fazer vénia ao sr. presidente!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.