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Dois em cada três casos de cancro são azar

O azar, puro e simples, desempenha um papel importante na determinação de quem contrai ou não um cancro, revela um estudo de cientistas da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos.

Uma investigação, liderada pelo professor Bert Vogelstein, do departamento de Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade John Hopkins, concluiu que dois terços dos casos de cancro podem ser atribuídos a mutações aleatórias sem qualquer ligação a factores hereditários, ao estilo de vida, ou a hábitos arriscados – como fumar.

Segundo o estudo, publicado esta sexta-feira na revista Science, os principais culpados por muitos dos tipos de cancro mais comuns são mutações aleatórias que se acumulam em várias partes do organismo durante a divisão celular.

Vogelstein e o bio-matemático Cristian Tomasetti, também da John Hopkins, analisaram estatisticamente 31 tipos de cancro, e concluíram que 22 deles, incluindo leucemia e os cancros do pâncreas, do osso, testículo, ovário e cérebro, podiam ser explicados por estas mutações aleatórias.

Joe Rabino / achievement.org

O oncologista Bert Vogelstein

O oncologista Bert Vogelstein

Essencialmente, serão apenas uma questão de azar biológico.

Os restantes 9 tipos de cancro, nomeadamente os do colo do recto, de pele e de pulmão, são influenciados mais fortemente por factores hereditários, ambientais ou comportamentos de risco, como a exposição a produtos carcinogénicos.

“Quando alguém contrai cancro, as pessoas querem logo saber porque aconteceu“, diz Vogelstein, citado pelo Business Insider. “As pessoas sentem necessidade de acreditar que há uma razão”.

“Mas muitas vezes, não é porque fomos expostos a alguma má influência ambiental”, acrescenta o oncologista. “Apenas perdemos na lotaria“.

Apesar destas conclusões, talvez seja prudente ter poucas cautelas no bolso à hora da extracção do grande prémio.

AJB, ZAP

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