Os polvos têm os apêndices mais flexíveis conhecidos na natureza. Além de macios e fortes, cada um dos oito braços do animal consegue dobrar-se, torcer-se, alongar-se e encurtar-se em muitas combinações distintas para produzir movimentos diversos.
De acordo com o ScienceAlert, cada braço de um polvo é essencialmente um cordão de nervos que se estende a partir do seu próprio centro cerebral único, dando aos membros a capacidade de tomar decisões individuais reflexivamente com base no seu sistema sensorial único.
Dois terços dos neurónios de um polvo estão espalhados pelos seus oito braços, o que significa que há mais “cérebro” nos seus membros do que em qualquer lugar central.
Este complexo arranjo da musculatura indica que os polvos têm a capacidade de realizar quatro tipos de movimento. Uma equipa do Laboratório de Biologia Marinha questionou-se: até que ponto os polvos conseguem fazer isto e se será cada braço igualmente capaz.
Com esta pergunta em mente, os cientistas filmaram 10 polvos durante muitos meses, período durante o qual lhes apresentaram uma variedade de desafios – e registaram 16.563 exemplos desses movimentos do braço.
Segundo os investigadores, todos os oito braços conseguem realizar todos os quatro tipos de deformação (dobrar, torcer, alongar, encurtar) em todo o seu comprimento. Além disso, cada tipo de movimento pode ser implantado em várias orientações – como para a esquerda, direita, para cima, para baixo e até em 360º.
Os cientistas notaram ainda a torção no sentido horário e anti-horário que poderia ocorrer ao longo de cada braço durante a flexão, encurtamento ou alongamento. Este braço forte e sinuoso é excecionalmente flexível em qualquer padrão.
“Até mesmo a nossa equipa de investigação, que está muito familiarizada com polvos, ficou surpreeendida com a extrema versatilidade de cada um dos oito braços enquanto analisávamos os vídeos”, disse Roger Hanlon, cientista sénior da MBL, em comunicado.
“Estas análises detalhadas podem ajudar a guiar a próxima etapa para determinar o controlo neural e a coordenação dos braços do polvo e podem revelar princípios de design que podem inspirar a criação de robôs moles de próxima geração.”
Há muito tempo que os engenheiros desejam projetar “braços robóticos macios” com maior agilidade, força e capacidade de deteção. Atualmente, a maioria dos braços robóticos requer materiais rígidos e juntas de várias configurações, todas com limitações.
O polvo apresenta um novo modelo para projetos robóticos futuros. Os seus braços são semelhantes à função da língua humana e à tromba do elefante. São hidrostáticos musculares que usam músculos em diferentes arranjos para produzir movimento.
Esta investigação fornece uma base para investigar o controlo motor de todo o braço do polvo. Braços robóticos suaves e ultraflexíveis podem permitir muitas novas aplicações, por exemplo, inspeção de ambientes desestruturados e desordenados, como edifícios desmoronados, ou inspeção médica mais suave de vias respiratórias ou alimentares.
Este estudo foi publicado em novembro na revista científica Scientific Reports.