Do mau hálito ao suor: por que é que é tão fácil sentir o odor nos outros e difícil em nós?

A dificuldade em avaliar o nosso próprio cheiro parece ser comum, mas somos os primeiros a notar quando os outros cheiram menos bem. Afinal, por que é que não sentimos o nosso próprio odor tão bem quanto o dos outros?

O olfato humano pode ser bastante complexo. Embora seja comum preocuparmo-nos com o odor corporal, especialmente em situações sociais ou íntimas, muitos questionam-se sobre a dificuldade de avaliar o seu próprio cheiro.

Apesar de os nossos narizes serem bastante capazes, com cerca de 400 diferentes recetores olfativos que podem detetar mais de mil milhões de aromas, nem sempre nos apercebemos que precisamos de um banho ou de uma “escovadela” nos dentes — e há um fenómeno que o explica.

Fadiga do odor habitua-nos ao cheiro

Conhecido como “fadiga do odor”, este fenómeno temporário ocorre devido à longa exposição ao composto que transportamos pelo ar e leva a uma sensibilidade reduzida ao nosso próprio cheiro com o passar do tempo.

A fadiga de odor acontece com qualquer cheiro que encontramos frequentemente. Embora a causa exata ainda seja debatida, o processo de dessensibilização pode ser temporariamente reiniciado ao cheirar áreas do corpo com menos glândulas sudoríparas, como o cotovelo ou o antebraço.

A nossa capacidade de detetar o nosso próprio cheiro também varia consoante determinadas condições. De acordo com a neurocientista Rachel Herz da Universidade de Brown, os humanos estão “sintonizados com qualquer mudança” no seu odor corporal único. Consumir alho ou experienciar stress, por exemplo, provavelmente torna-nos mais conscientes do nosso próprio cheiro.

Cheire com atenção: o odor espelha a sua saúde

O cheiro não é apenas uma questão pessoal; também está ligado a condições de saúde. Odores específicos podem indicar doenças como diabetes não tratada, febre tifoide ou até mesmo a doença de Parkinson.

Um hálito com cheiro a fruta podre pode sugerir, segundo o Live Science, diabetes não tratada, enquanto suor com cheiro a pão acabado de fazer poderia indicar febre tifoide.

Uma mulher até afirmou detetar Parkinson no seu marido antes do diagnóstico com base num “odor amadeirado e almiscarado”, o que levou a mais investigações sobre os óleos da pele como potenciais ferramentas de diagnóstico.

Além disso, os nossos aromas têm, como todos sabem, implicações sociais.

Um estudo de 1995 revelou que as mulheres preferiam o cheiro de homens cujos genes do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) — responsáveis pela resposta imunitária — diferiam dos seus próprios. Embora a razão ainda seja motivo de debate, uma teoria sugere que crianças nascidas dessas uniões podem ter uma gama mais ampla de imunidade.

O olfato é um sentido menos explorado, uma vez que os humanos são principalmente seres visuais. No entanto, a pandemia da COVID-19 reacendeu o interesse no campo deste sentido.

Muitos que contraíram o vírus perderam o sentido do olfato, apesar de o vírus não aparentar destruir os recetores de cheiro ou neurónios olfativos.

ZAP //

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