“As nossas divisões acabaram”. Já há novo Presidente no Sri Lanka

USDoD / Wikimedia

O ex-primeiro-ministro e atual Presidente do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe

“As nossas divisões acabaram”, disse o novo chefe de Estado do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, num discurso ao parlamento logo após a sua eleição. Aquele que já foi seis vezes primeiro-ministro do país, estava como Presidente interino desde a fuga e renúncia de Gotabaya Rajapaksa.

O líder do parlamento, Mahinda Yapa Abeywardena, anunciou esta quarta-feira que Wickremesinghe obteve 134 votos dos 225 parlamentares. O seu principal oponente, o antigo ministro Dullas Alahapperuma recebeu 82 votos e o candidato Anura Dissanayake obteve o apoio de três parlamentares.

Durante o seu discurso no parlamento, Wickremesinghe pediu a Alahapperuma que trabalhassem “juntos para tirar o país da crise” económica e política. “As pessoas não esperam de nós a velha política, esperam que trabalhemos juntos”, afirmou.

Contudo, como avançou o Independent, o agora chefe de Estado é uma figura divisória, impopular entre a população – massacrada pela escassez de alimentos, combustível e medicamentos – e criticado pela oposição, que questiona se terá capacidade para reunir o consenso político e o apoio do povo.

Wickremesinghe, com 73 anos, vai liderar o país até 2024, completando assim o mandato de Rajapaksa, à frente de um governo que terá de relançar as conversações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre um possível resgate financeiro. Na segunda-feira, foi declarado o estado de emergência no país.

À medida que os protestos iam aumentando, Wrickemesinghe se tornou a face pública da crise, fazendo discursos semanais no Parlamento, aumentando os impostos e comprometendo-se a reformar o governo.

A atual crise política no Sri Lanka deve-se à pior crise económica que o país vive desde a independência do Império Britânico, em 1948. Entrou já em ‘default’ técnico e tem uma dívida externa de 51 mil milhões de dólares.

O impasse político ameaçava a situação económica e financeira do país – que conta atualmente com 22 milhões de habitantes -, que poderia atrasar ainda mais uma intervenção do FMI.

Wrickemesinghe é sobrinho do antigo Presidente Junius Jayewardene (1978-1989), tendo sido nomeado por este para vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, em 1977.

Taísa Pagno //

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