Divisão do poder com os talibãs incluído nos planos de Biden para o Afeganistão

jlhervàs / Flickr

O novo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden

A presença militar dos Estados Unidos (EUA) no Afeganistão completa 20 anos em outubro, tendo o atual Governo de Joe Biden herdado um acordo de paz celebrado com os talibãs, que poderá levar à retirada dos 2.500 soldados norte-americanos do Afeganistão até maio.

“Os EUA não descartaram nenhuma opção. Estamos a considerar a retirada total das nossas forças até 1 de maio, enquanto ponderamos outras opções”, referiu recentemente o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, numa carta endereçada ao Presidente afegão, Ashraf Ghani, divulgada no canal afegão Tolo News e citada pelo Expresso.

“Preocupa-me que a situação ao nível da segurança piore e que os talibãs possam obter ganhos territoriais rápidos”, acrescentou Blinken, sublinhando: “Deixo isto claro para que entenda a urgência do meu tom”.

Juntamente com a carta, seguiu um esboço de acordo de paz elaborado pelos norte-americanos e entregue em Cabul na semana passada pelo Representante Especial dos EUA, Zalmay Khalilzad, nascido no Afeganistão, visando “acelerar as negociações de paz no Afeganistão entre a República Islâmica e os talibãs”.

“Ao partilharmos estes documentos, não tencionamos ditar os termos às partes”, alertou Blinken. O primeiro vice-presidente afegão, Amrullah Saleh, disse na segunda-feira que
“jamais aceitaremos uma paz coagida e imposta”. Já os talibãs afirmaram, através do porta-voz Mohammad Naeem: “Está a ser discutido. Depois, tomaremos uma posição”.

Na carta, Blinken apontou os objetivos de curto prazo: um encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia, China, Paquistão, Irão, Índia e EUA, organizado pelas Nações Unidas – para discutir uma abordagem única -, e a partilha de propostas entre Zalmay Khalilzad, o Presidente afegão e os talibãs, para acelerar o cessar-fogo.

Além disso, destacou a concretização do acordo de paz e uma proposta de redução da violência durante 90 dias, impedindo a tradicional ‘ofensiva da primavera’ dos talibãs.

Biden fará primeiro discurso à nação na quinta-feira

Joe Biden fará o seu primeiro discurso à nação em horário nobre na quinta-feira, por ocasião do primeiro aniversário do confinamento para combater a pandemia de covid-19, informou a Casa Branca, citada pela agência Lusa.

Mark Lennihan / EPA

Sandra Lindsay, uma enfermeira de Nova Iorque, foi a primeira a receber a vacina nos EUA

“O Presidente falará dos sacrifícios que os americanos fizeram no ano passado e das grandes perdas que as comunidades e famílias sofreram”, disse na segunda-feira a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki. “O Presidente falará do futuro, destacando o papel que os americanos desempenharão na derrota do vírus e no regresso do país à normalidade”.

Biden fará este discurso depois de, previsivelmente, um pacote de estímulo económico no valor de 1,9 biliões de dólares (cerca de 1,6 biliões de euros) ter sido aprovado na Câmara dos Representantes, na terça-feira passada, num esforço para conter a crise económica provocada pela crise sanitária.

Ainda não se sabe se o Presidente fará o seu discurso numa sessão conjunta do Congresso, como acontece com o discurso do Estado da União.

Desde a sua posse, em 20 de janeiro, a prioridade de Biden tem sido o combate à covid-19, com os EUA a permanecerem como o país mais afetado em todo o mundo, com mais de 29 milhões de casos e mais de 525 mil mortes.

Ao chegar à Casa Branca, Biden impôs um mandato federal para o uso obrigatório de máscara em instituições federais e nos transportes públicos e prometeu que haverá vacinas suficientes para todos os adultos residentes nos EUA até final de maio.

Esta gestão da pandemia contrasta com a do seu antecessor no cargo, Donald Trump, que reconheceu ter subestimado deliberadamente a gravidade da covid-19 nos primeiros meses da pandemia, para não criar pânico na população.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.593.872 mortos no mundo, resultantes de mais de 116,7 milhões de casos de infeção, segundo a agência AFP. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Taísa Pagno //

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