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Retalhistas alertam para “cocktail explosivo” que pode esvaziar prateleiras no Natal

Atrasos no fabrico e distribuição dos produtos ainda não recuperaram das paragens forçadas pela pandemia.

A possibilidade de no Natal algumas prateleiras das grandes superfícies estarem vazias por falta de stocks é um cenário para o qual os portugueses se devem preparar. O alerta é feito pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuições que, pela voz do seu presidente, aponta a subida dos custos das matérias-primas, a falta de componentes (como os já famosos chips) e a crise dos contentores como estando na origem desta previsão.

“Estão a provocar muitos constrangimentos para a importação de produtos de fora da Europa e que têm um peso significativo no retalho especializado“, explicou ao Eco. Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da associação, falou ainda num “cocktail explosivo que pode vir a ter impacto” nas compras dos portugueses, especialmente numa altura do ano marcada pelo consumo.

O dirigente garante que os “retalhistas estão todos a lutar para que não se venham a sentir” muitas das consequências deste cenário, havendo, ainda assim, “um risco latente de poder haver eventualmente falhas em algumas categorias de produtos”.

Entre os produtos que são mais prováveis de faltar, aponta Gonçalo Lobo Xavier, estão os “equipamentos eletrónicos de consumo e nos brinquedos“, por se tratarem de “produtos que tendencialmente vêm de fora da Europa e que podem estar em risco”. “Não queremos, de maneira nenhuma, alarmar os consumidores, mas nalgumas categorias de produto, se houver uma grande procura, poderemos ter dificuldade em repor os stocks”, explicou.

Nas suas declarações, o diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição tratou ainda de atirar as culpas de uma possível situação de rutura aos distribuidores e não aos retalhistas, uma vez que não os habituais canais de transporte de produtos que não estão a funcionar. Deixou também um apelo aos dirigentes políticos para que encarem o cenário atual como “uma oportunidade para relançar a indústria europeia”.

O Eco ouviu também os distribuidores que descrevem o cenário que se vive no setor portuário como “completamente louco“, com os armadores a estabelecerem preços até dez vezes superiores aos que eram praticados antes da pandemia, sobretudo nas rotas da Ásia para a Europa.

Segundo Mário de Sousa, CEO da Portocargo, existe “muita mercadoria acumulada à espera de espaço em navios” e em risco de só chegar à Europa já depois do Natal. O responsável elucidou que as fábricas estão a demorar mais tempo a produzir e a entregar os produtos e que se mantém o desequilíbrio na distribuição dos contentores pelo mundo, o qual se iniciou logo após o surgimento dos primeiros casos de covid-19 na China.

“O que não estiver já embarcado, já não chega antes do Natal à Europa. E além do preço de transporte elevado, é preciso perceber que, desde que a mercadoria está pronta, até que se arranje espaço para embarcar, o atraso está em cinco a seis semanas“, alerta.

ZAP //

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