Diretor Nacional da PSP defende fecho de esquadras para libertar agentes. “É uma falsa sensação de segurança”

José Sena Goulão / Lusa

O diretor Nacional da PSP, Magina da Silva

Sobre o último concurso, Manuel Magina de Silva revelou que foram preenchidas 915 das 1020 vagas, números em linha com a edição anterior.

Manuel Magina de Silva, diretor nacional da PSP, reconheceu que a sua instituição enfrenta um problema grave de recrutamento de polícias, o que já o levou a entregar à tutela uma proposta para o fecho de várias esquadras nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, de forma a libertar agentes para as ruas. O problema agrava-se quando se considera que mais de metade do efetivo da PSP tem mais de 45 anos.

“Temos de conseguir alterar estas dificuldades de recrutamento. A PSP está concentrada nos grandes centros urbanos, e estar na PSP implica estar deslocado do seu local de origem durante alguns anos. Esquecemo-nos da logística e do bem-estar dos polícias e agora estamos a correr atrás do prejuízo. Estamos a trabalhar em conjunto com o Governo [nesta questão].”

O responsável espera que os 26 milhões de euros resultantes dos descontos obrigatórios feitos pelos polícias para os serviços sociais sejam disponibilizados para dar, precisamente, apoio social aos polícias que começam a sua carreira. “Têm uma remuneração inferior, muito deles são “despejados” em Lisboa, onde os preços são proibitivos, pouco compatíveis com as remunerações dos polícias. É importante que consigamos dar alojamento de primeira colocação a todos os polícias que estão deslocados do seu local de origem.”

Sobre o último concurso, Manuel Magina de Silva revelou que foram preenchidas 915 das 1020 vagas, números em linha com a edição anterior. Para esta realidade, aponta, terão contribuído outros fatores de não-atratividade, como é o caso da “muita  hostilidade, muita agressividade nos meios urbanos onde está a PSP”. Fala ainda no escrutínio, muitas vezes “maldoso” que é sentido pelos profissionais.

“Quando é justo e saudável, o escritório é bem-vindo. Quando só aparecem metade das imagens, versões truncadas, o lado B do disco, os polícias sentem que estão sempre sob escrutínio, muitas vezes, injusto. O polícia faz o seu trabalho o melhor que sabe, mesmo em circunstâncias muito difíceis.”

O dirigente justificou ainda o seu apoio ao fecho de esquadras com o facto de se tratar de uma “equação matemática“. “Quanto mais esquadras tivermos, menos polícias teremos na rua, nas unidades móveis, nos carros-patrulha, para acorrer a situações urgentes”. Foi esta constatação que o levou a apresentar uma proposta técnico-policial que está a ser trabalhada.

“Temos esquadras em Lisboa a 500 metros umas das outras, o que não faz sentido absolutamente nenhum. Isto tem de ser mudado. A competência de fechar e abrir esquadras é da tutela política, não é minha. Há muita margem.” Já no que respeita ao número de efetivos, garante que “Portugal tem o quarto rácio da Europa”, pelo que, no entender do próprio, as esquadras estão a “comer” polícias. “São 12 polícias só para manter aquilo aberto.”

Garante também que com esta redução não é de esperar um aumento da criminalidade, já que há uma “falsa sensação de segurança ter instalações”. “O que dá segurança é a polícia ter meios disponíveis para rapidamente acorrer a cidadãos que estão em apuros”. Para já, o responsável prefere não falar no número de esquadras que será reduzido nem no número de efetivos que a medida libertaria para as ruas, ressalvando que a alteração também traria mais-valias financeiras.

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