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Fóssil mostra como um dinossauro respirava de forma diferente de todos os outros

(dr) Viktor Radermacher

Ilustração do Heterodontosaurus tucki a respirar

Um fóssil muito bem preservado descoberto na África do Sul há mais de uma década revelou ser a “peça que faltava no puzzle” da evolução da respiração de alguns dinossauros.

Segundo o site Live Science, o fóssil excecionalmente bem preservado, descoberto em 2009 na África do Sul, pertence a um Heterodontosaurus tucki, um dinossauro herbívoro do tamanho de um peru.

Uma equipa de cientistas conseguiu reconstruir digitalmente o esqueleto em 3D e os seus modelos revelaram características até então desconhecidas nos ornitísquios (ordem de dinossauros herbívoros).

As costelas e os ossos da anca estavam ligados por músculos para ajudar estes animais a respirar de uma forma fora do comum para os dinossauros: através da expansão do peito e da barriga.

Os paleontólogos descobriram um grupo de ossos, chamado gastrália ou costela abdominal, que é geralmente encontrado em crocodilos e outros répteis atuais e que desempenham um papel na sua respiração.

Este dinossauro também tinha costelas em forma de remo e placas do esterno alongadas, que podiam mover-se com as costelas que estavam presas ao esterno para facilitar a respiração.

Estas características acabaram por “perder-se nos ornitísquios seguintes”, disse ao mesmo site Viktor Radermacher, estudante de doutoramento da Universidade do Minnesota. Isto diz-nos que os primeiros exemplares deste grupo “estavam a fazer algo muito diferente com os seus corpos”, acrescentou.

O H. tucki foi uma das primeiras espécies a ser incluída no grupo dos ornitísquios, o que significa que pode dar novas pistas sobre certas características comuns entre estes dinossauros, mas que diferem das de outros, escreveram os investigadores no artigo publicado, a 6 de julho, na revista científica eLife.

Os mamíferos respiram ao expandir e contrair os pulmões com a ajuda do diafragma, que empurra o ar para dentro e para fora. Os pássaros, uma linhagem moderna dos dinossauros terópodes, usam um método diferente, no qual uma rede de bolsas de ar distribui o oxigénio, fazendo-o circular pelos pulmões e corpos dos pássaros.

Anteriormente, cientistas que reconstruiram a anatomia interna de dinossauros encontraram evidências de bolsas de ar semelhantes, sugerindo que a maioria destes animais já extintos respirava como pássaros modernos.

Antes desta investigação, alguns cientistas suspeitavam que os ornitísquios poderiam ter respirado de forma diferente de outros dinossauros. Agora, este fóssil revelou ser “a peça que faltava no puzzle” para confirmar essa hipótese, concluiu Radermacher.

ZAP //

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