Cientistas analisaram novamente as pegadas com 220 milhões de anos encontradas em Ipswich, na Austrália, na década de 60, e concluíram que, afinal, pertencem a um tímido dinossauro herbívoro, e não a um grande predador, como se pensava.
Em comunicado, a Universidade de Queensland explica que foi o seu paleontólogo e investigador Anthony Romilio que liderou a equipa internacional de cientistas que ficou responsável por reanalisar estas pegadas, com cerca de 220 milhões de anos (ou seja, do Período Triássico).
“Durante anos, acreditou-se que estas pegadas foram feitas por um enorme predador que fazia parte da família dos dinossauros Eubrontes, que tinham pernas com mais de dois metros de altura”, explicou o cientista.
“Esta ideia causou sensação na altura, porque nenhum outro dinossauro carnívoro se aproximou desse tamanho durante o período Triássico”, acrescentou.
No entanto, destaca Romilio, a nova investigação mostra que “as pegadas foram feitas sim por um dinossauro da família Evazoum – dinossauros herbívoros que eram mais pequenos, com pernas com cerca de 1,4 metros de altura”.
Estes fósseis foram descobertos há mais de meio século, a cerca de 200 metros de profundidade numa mina de carvão a oeste de Brisbane, que depois acabou por ser fechada. Felizmente, em 1964, vários geólogos e o Museu de Queensland mapearam o caminho e fizeram moldes de gesso, agora usados na pesquisa atual.
“Fizemos um modelo virtual 3D da pegada do dinossauro, que enviámos por e-mail para os membros da equipa espalhados pelo mundo para que a pudessem estudar”, disse na mesma nota Hendrik Klein, especialista em fósseis do Saurierwelt Paläontologisches Museum, na Alemanha, e co-autor do estudo.
“Quanto mais olhávamos para a pegada e para as formas e proporções dos dedos, menos esta se assemelhava com as pegadas feitas por dinossauros predadores. Este dinossauro era definitivamente um herbívoro muito mais amigável“, disse ainda.
Apesar disso, Klein afirmou que esta continua a ser “uma importante descoberta”, pois trata-se da “primeira evidência deste tipo de dinossauro na Austrália”.
O estudo foi publicado, a 16 de outubro, na revista científica Historical Biology.