Dificuldade em adormecer associada ao aumento do risco de demência

Um estudo recente estabeleceu uma ligação entre a insónia e o uso de medicamentos para dormir e o aumento do risco de desenvolver demência.

Este novo estudo, publicado na American Journal of Preventive Medicine, é mais uma prova que liga os distúrbios do sono à deficiência cognitiva, relatou o Sci Tech Daily. Na investigação, a equipa encontrou correlações substanciais entre os problemas de sono e a probabilidade de desenvolver demência ao longo de 10 anos.

Os investigadores constataram que os indivíduos que sofrem de insónia no período de indução do sono (período de 30 minutos) e usam medicação podem ter um risco acrescido de demência. Já os que têm dificuldade em manter o sono (dificuldade de voltar a dormir após acordar) tinham uma probabilidade inferior de demência.

“Esperávamos que a insónia de manutenção do sono e a utilização de medicamentos para o sono aumentassem o risco de demência, mas ficámos surpreendidos ao descobrir que a insónia de manutenção do sono diminuía o risco de demência”, explicou Roger Wong, investigador principal do estudo e professor na SUNY Upstate Medical University, nos Estados Unidos.

“A motivação por trás desta investigação foi suscitada a nível pessoal. O meu pai tem sofrido perturbações crónicas de sono desde o início da pandemia de covid-19, e eu estava preocupado com a forma como isso afetaria a sua cognição no futuro. Depois de ler a literatura existente, fiquei surpreendido ao ver descobertas mistas sobre a relação sono-demência, pelo que decidi investigar este tópico”, acrescentou.

De acordo com o Sci Tech Daily, este é o primeiro estudo que examina como as medidas de perturbação do sono a longo prazo estão associadas ao risco de demência, utilizando uma amostra representativa de adultos norte-americanos com 65 ou mais anos.

A investigação anterior já tinha associado o comportamento do sono REM, a privação de sono (menos de cinco horas por noite) e a utilização de benzodiazepinas de ação curta com o declínio cognitivo.

Não existe cura para a demência e as recentes abordagens farmacêuticas para tratar essa condição tiveram um sucesso limitado, apotentando para a importância de abordagens preventivas.

“Ao concentrarmo-nos nas variações das perturbações do sono, os nossos resultados podem ajudar a informar as mudanças de estilo de vida que podem reduzir o risco de demência”, referiu Margaret Anne Lovier, outra das investigadoras.

Embora o mecanismo para reduzir o risco de demência entre os indivíduos com insónia de manutenção do sono seja ainda desconhecido, os investigadores teorizam que um maior envolvimento em atividades que preservem ou aumentem a reserva cognitiva pode assim diminuir o risco de demência.

Dados recentes indicam que há uma maior prevalência de perturbações do sono entre os adultos mais velhos do que entre outros grupos etários. Isto pode ser atribuído a uma variedade de fatores, incluindo a ansiedade acerca da pandemia ou noites mais quentes com consequência das alterações climáticas.

“Os adultos mais velhos estão a perder o sono devido a uma grande variedade de preocupações. É necessária mais investigação para melhor compreender as usas causas e manifestações e limitar as consequências a longo prazo”, disse Wong.

ZAP //

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