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Os dias estão maiores por causa do degelo dos polos

Mark Garten / UN Photo

Icebergs em Ilulissat Icefjord, Gronelândia

Um estudo exaustivo sobre os dados do nível do mar de 1958 a 2014 revela entre outras coisas, que os dias se tornaram maiores na Terra como resultado da fusão do gelo.

O investigador da Universidade de Tecnologia de Delft, Thomas Frederikse, estabeleceu que o aumento médio nos níveis do mar em todo o mundo está a acelerar. E não é só isso. O estudo também indica que os dias na Terra se tornaram maiores (com cerca de mais 0,2 milissegundos nos últimos 25 anos) como resultado da fusão do gelo da terra.

Esta fusão está a causar o desaparecimento da massa em forma de gelo, principalmente na Gronelândia e Antártida, que se move na direção do equador como água líquida.

Isto produz ligeiras alterações na distribuição da massa da Terra: “Tal como um patinador artístico que estica os braços durante uma pirueta, isto faz com que a Terra gire um pouco mais lentamente. Por isso, os dias duram um pouco mais agora”, explica o cientista.

Por outro lado, o aumento dos níveis do mar não é o mesmo em todo o mundo. Há diferenças regionais significativas. Frederikse levou a cabo um estudo exaustivo sobre os dados de 1958 a 2014.

“Todos os fatores têm um papel importante, como por exemplo, o derretimento do gelo terrestre, a expansão da água do mar causada pelo aumento das temperaturas, mas também o uso de águas subterrâneas e o armazenamento de grande quantidades de água doce em depósitos interiores”, aponta Frederikse.

O autor do estudo, que ainda não foi publicado numa revista científica ou revisto por pares, aponta um outro fator conhecido como ajuste isostático glacial (GIA), ou seja, o “salto” da Terra depois das idades do gelo.

“Devido a todos estes fatores não há apenas um lugar na Terra onde o nível do mar coincida exatamente com a média global. Para compreender os padrões regionais e poder desenvolver os cenário regionais futuros é necessária uma boa compreensão dos processos subjacentes relevantes e os padrões regionais associados”.

Frederikse refere a importância dos satélites para este campo de estudo: “Agora é possível estimar com precisão as mudanças locais e globais nos níveis do mar com a ajuda de satélites. Antes tínhamos apenas medições locais do nível do mar num número limitado de lugares à nossa disposição”.

E o investigador continua: “O aumento do nível do mar estudou-se em duas regiões costeiras à escala mundial. Os processos físicos que tivemos em conta foram a perda de massa nos glaciares e as camadas de gelo, o esgotamento dos depósitos de água subterrânea, a retenção de água por presas, o GIA, as mudanças no volume específico de água de mar, efeitos de vento local e as mudanças na pressão do ar”.

Assim, os cientistas puderam desvendar e modelar com precisão todas estas diferentes influências para o Mar do Norte, por exemplo.

No período entre 1958 e 2014, o aumento nos níveis deste mar foi “apenas” de cerca de oito centímetros. Isto é comparável ao aumento mundial médio no mesmo período, que é aproximadamente de 1,5 milímetros por ano, mas as causas aqui subjacentes são diferentes, explica o cientista.

“O derretimento dos glaciares e da Gronelândia quase não tem efeito aqui. No entanto quando se trata da Antártida, recebemos a explosão completa. Isto é uma boa notícia para nós, porque a camada de gelo na Antártida poderia perder muita massa num mundo mais quente no futuro”.

Com a ajuda de satélites, é possível neste momento explicar os aumentos do nível do mar em quase todos os oceanos. Ainda que a questão seja complexa, agora compreendemos bem a maioria dos fatores em jogo.

Como resultado, os modelos e as previsões são melhores, o que é bom. A imagem emergente é o aumento do nível do mar e uma aceleração significativa neste processo com consideráveis diferenças regionais. Isto não é apenas o modelado, as medições demonstrar que este cenário já está a acontecer. “Essa é a má notícia”, conclui Fredrikse.

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