Uma bola de fogo cruzou o céu na cidade amazónica de Pucallpa, no norte do Peru, deixando os habitantes a pensar que era um meteorito ameaçador ou até um objecto extraterrestre. Afinal, era apenas lixo espacial.
O fenómeno misterioso aconteceu no passado dia 27 de Janeiro e foi, finalmente, desvendado. A bola de fogo não era resultado de um meteorito, nem tão pouco um vestígio alienígena, mas antes o destroço de um velho satélite que se incandesceu quando entrou em contacto com a atmosfera da Terra.
O objecto passou em Pucallpa, no norte do Peru, e aterrou em Puno, na fronteira com a Bolívia, a quase 2 mil quilómetros da cidade onde as imagens foram registadas em vídeo. Não houve feridos, nem danos materiais.
As autoridades peruanas desmentiram prontamente a teoria de se tratar de um meteorito, explicando que o evento envolveu a queda de quatro objectos em Puno.
Três dos objectos tinham uma forma esférica e o quarto parecia uma peça metálica irregular, de acordo com o secretário-geral da Comissão Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Aeroespacial do Peru (CONIDA, na sigla em espanhol), Gustavo Henríquez, segundo cita a BBC.
Passados vários dias do evento, a Força Aérea Peruana (FAP) vem, finalmente, explicar que a bola de fogo não foi mais do que um velho satélite que formou aquele efeito quando entrou na atmosfera da Terra.
“Estamos a falar de uma parte de um satélite que deixou de operar. Comummente, é conhecido como lixo espacial“, explica o comandante da FAP, Pedro Palza, em declarações ao jornal La Nación.
“Podem ser muito perigosos”
O mistério agora é saber a quem pertence o satélite. “Vamos analisá-lo” para “investigar a sua origem”, destaca Palza.
As autoridades norte-americanas confirmaram à BBC que “um corpo do foguetão russo SL-23 regressou à atmosfera a 27 de Janeiro de 2018 e passou sobre a América do Sul (próximo do Peru)”.
O corpo do foguetão que voltou à Terra fazia parte de uma missão espacial para o lançamento do chamado AngoSat 1, o primeiro satélite de comunicações de Angola.
Em 26 de Dezembro de 2017, a empresa russa RSC Energia, fabricante do satélite, lançou a missão a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão. No entanto, nem a empresa nem a Roscosmos, a agência estatal aeroespacial russa, publicaram informação sobre os objectos encontrados no Peru.
Gustavo Henríquez afirma à BBC que o facto de não ter sido notificada do possível regresso desse foguetão preocupa a agência espacial peruana.
“Segundo convenções da ONU, esses avisos devem ser feitos para que as nações fiquem em alerta e para que o país responsável possa ressarcir eventuais danos”, observa o secretário-geral da CONIDA.
Este responsável nota que as áreas onde os objectos aterraram foram isoladas porque, “se forem tanques de combustível de satélite, podem ser muito perigosos“.
“Normalmente, carregam hidrazina, um propelente tóxico que, quando em contacto com o combustível, coloca vidas em risco“, afirma Henríquez.
As imagens divulgadas pela imprensa peruana mostram os moradores, nomeadamente crianças, a mexerem em pelo menos um dos objectos, revelando o buraco de 30 centímetros que deixou no solo.
A América “confirma” que eram restos de foguetão Russo. Fogo… Ainda bem que confirma. Que sería de nós sem as confirmações da América. Vamos ver agora se a Rússia “confirma” que é lixo espacial americano.
Pouca gente conhece a dimensão deste problema do lixo espacial. Ao longo dos anos, tudo o que tem sido posto em órbita, fica lá. À medida que as coisas deixam de funcionar, ninguém as vai lá buscar. A pouco e pouco estes objectos como estações espaciais, satélites, fogetões, etc… Vão colidindo e vão se fragmentando, e depois os fragmentos colidem mais ainda entre si e fragmentam-se mais ainda. Milhares e milhões de fragmentos que ficam a orbitar, por vezes a velocidades maiores que as de uma bala. Uma autêntica chuva de tiros… Cada vez mais cerrada. E o pior é que devio às colisões, estes fragmentos não têm uma órbita fixa nem previsível. Poucos são os que acabam por cair na terra. A maioria fica lá a circular.
Se nada for feito para limpar este lixo espacial, chegará um dia em que será impossível um satélite aguentar-se um dia que seja em órbita sem ser bombardeado e literalmente fuzilado por rajadas de micro.projécteis. Sem satélites a nossa civilização tal como a conhecemos não será possível. Além disso não se conseguirá lançar uma nave nem um foguetão para o espaço porque será prontamente abatida por esta barreira de tiro.
Criar e espalhar lixo e poluição, tem sido a especialidade das duas ultimas gerações. Não basta cagar a terra. É preciso também contaminar o espaço, onde vai ser bem mais difícil limpar. É a mentalidade sórdida do “quem for o último que feche a porta”.