Desvendado enigma do pré-histórico monstro Tully (mas o mistério continua)

Sean McMahon / Yale University

Ilustração do pré-histórico Monstro Tully, criatura marinha que terá vivido há 300 milhões de anos.

Ilustração do pré-histórico Monstro Tully, criatura marinha que terá vivido há 300 milhões de anos.

Ao cabo de 58 anos desde a descoberta desta estranha criatura marinha, conseguiu-se finalmente resolver o enigma quanto a que tipo de animal é o chamado monstro Tully. Mas prossegue o mistério em torno deste primo afastado das lampreias.

Os primeiros fósseis do Tullimonstrum gregarium, nome por que é cientificamente conhecido, foram encontrados em 1958, num poço de extracção de carvão em Mazon Creek, no Illinois, EUA, pelo coleccionador amador Francis Tully – é em sua homenagem que a bizarra criatura recebeu o nome de monstro Tully.

Nesse local, foram encontrados todos os espécimes do animal descobertos até agora, não se sabendo porquê, o que também ajuda a alimentar o mistério em torno dele. E foi também por isso que foi declarado o fóssil oficial do Illinois em 1989.

O animal que terá vivido há cerca de 300 milhões de anos, em águas pouco profundas, medindo cerca de 20 centímetros de comprimento e possuindo uma espécie de cauda com dentes, começou por ser identificado como uma espécie de molusco muito estranho.

Havia “uma ideia clara de como era, mas nenhuma ideia do que era”, explica a investigadora líder do estudo que veio desvendar parte do mistério, Victoria McCoy, citada no site da Universidade de Yale.

Na pesquisa, publicada esta semana na revista Nature, refere-se que se trata afinal, de um vertebrado, com guelras e uma corda dorsal, uma espécie de espinal medula primitiva, a suportar o seu corpo.

O seu parente vivo mais próximo será a lampreia e Victoria McCoy, que fez a investigação no âmbito da sua graduação na Universidade de Yale, nota que seria carnívoro.

“Tem olhos grandes e muitos dentes, por isso, provavelmente era um predador“, nota a investigadora que está actualmente vinculada à Universidade de Leicester.

Mas “é tão diferente dos seus parentes modernos que não sabemos muito sobre como vivia“, assume McCoy.

Um dos co-autores do estudo, Derek Briggs, professor de Geologia e Geofísica na Universidade de Yale, nota no site da instituição que a investigação abre apenas “uma pequena janela” sobre esta estranha criatura.

“Não sabemos porque apareceu ou desapareceu porque nem sequer sabemos quando isso aconteceu. Só o encontramos num depósito que tem 300 milhões de anos de antiguidade, assim não temos informação sobre durante quanto tempo viveu”, salienta a investigadora em declarações ao jornal espanhol El Mundo.

A cientista reporta para as várias extinções em massa que ocorreram, notando nomeadamente o “impacto de um asteróide que acabou com os dinossauros, há 65 milhões de anos”, vaticinando que o monstro Tully pode ter desaparecido durante uma dessas “extinções massivas”.

SV, ZAP

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