O “desesperado” Zelenskyy deixou uma mensagem séria

Sergey Dolzhenko/EPA

Volodymyr Zelenskyy

Presidente da Ucrânia até estava envolvido num ambiente de entusiasmo, mas o seu discurso mostrou algo bem diferente.

Fórum Económico Mundial, em Davos.

O ambiente até era de aparente apoio em massa e com criação de entusiasmo à sua volta – mas o discurso de Volodymyr Zelenskyy não foi nada de alguém entusiasmado.

O presidente da Ucrânia até disse que tem recebido “sinais positivos” da União Europeia sobre apoios financeiros ao seu país, na guerra com a Rússia.

Voltou a apelar ao investimento internacional para fortalecer a economia ucraniana: “Precisamos de investimentos normais de empresas previsíveis e transparentes”, para haver uma ajuda mútua: “Fortaleçam a nossa economia, fortaleceremos a vossa segurança”.

Outro sinal de esperança seguiu na direcção dos EUA, que – espera Zelenskyy – vai aprovar novos apoios em poucas semanas.

O líder da Ucrânia também espera que o processo de adesão à NATO avance já em 2024

O “predador”

Mas o rosto fechado e o conteúdo do discurso de Volodymyr Zelenskyy estiveram longe de apelar às palmas.

O presidente da Ucrânia voltou a atacar o presidente da Rússia. Disse que Vladimir Putin é “um homem que roubou pelo menos 13 anos de paz, substituindo-os por dor, dor, e uma crise com impacto no mundo inteiro”.

Chamou “predador” a Putin e avisou que o líder do Kremlin que não se contenta com conflitos “congelados”.

Apelou a uma “decisão forte” ainda em 2024: os activos congelados dos oligarcas russos deveriam ser transferidos para a Defesa ucraniana e para reconstruir a Ucrânia.

Acima de tudo, Putin gosta de dinheiro. Quantos mais milhares de milhões ele e os amigos oligarcas e cúmplices perderem, mais provável será que ele se arrependa de ter iniciado esta guerra. Putin tem de se arrepender”.

Precisamos que ele perca. Temos de finalmente desconstruir a ideia de que a unidade global é mais fraca do que o ódio de um homem – nós podemos fazer isso”, continuou.

O desespero

E depois entrou a “acusação desesperada” contra países do Ocidente, como descreve o jornal Handelsblatt.

Zelenskyy prolongou a sua mensagem séria, ao recordar que a guerra com a Rússia não começou há dois anos – começou há 10 anos, no Donbass.

Desde essa altura, “sempre que a Ucrânia pedia mais sanções contra Moscovo, o Ocidente dizia: simplesmente não há escalada. E a cada pedido da Ucrânia de mais armas, a mensagem era: nada de escalada”.

Aquela escalada nunca chegou e, acusa o presidente da Ucrânia, “nada causou maior dano do que esta atitude hesitante“.

“Para nós, cada ‘não à escalada’ soa como um ‘Vocês vencerão’ dirigido a Putin”, atirou Zelenskyy.

Volodymyr Zelenskyy voltou a pedir apoios ocidentais para haver uma “superioridade aérea” da Ucrânia sobre a Rússia. Quer mais aviões de combate.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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