Descoberto enorme depósito de gelo debaixo do equador de Marte

ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum),

Os astrónomos acreditam ter encontrado um enorme depósito de gelo debaixo do equador de Marte.

De acordo com o IFL Science, há quase duas décadas, os investigadores descobriram alguns depósitos profundos peculiares debaixo da Formação Medusae Fossae (MFF).

Os dados mais recentes, publicados no Geophysical Research Letters, sugerem que estes depósitos são extremamente ricos em gelo.

A MFF é constituída por muitos elementos esculpidos pelo vento e tem uma área de cerca de 1/5 da área continental dos Estados Unidos. Acredita-se que seja a maior fonte de poeira em Marte e estende-se até à cratera Gale, que o Curiosity da NASA está a explorar.

Dados da Mars Express da Agência Espacial Europeia sugerem que existe tanto gelo que se derretesse, cobriria Marte com uma camada de água com 1,5 a 2,7 metros de profundidade — esta é a quantidade de água encontrada em todo o Mar Vermelho na Terra.

“Explorámos novamente a MFF através de dados mais recentes do radar MARSIS da Mars Express e descobrimos que os depósitos são ainda mais espessos do que pensávamos: até 3,7 km de espessura”, disse Thomas Watters, da Smithsonian Institution, EUA, autor principal da nova investigação e do estudo inicial de 2007.

“De forma empolgante, os sinais de radar correspondem ao que esperávamos ver de gelo em camadas e são semelhantes aos sinais que vemos nas calotas polares de Marte, que sabemos serem muito ricas em gelo”.

Desde as primeiras observações que os investigadores consideraram a possibilidade de o depósito ser rico em gelo. Era relativamente transparente ao radar e de baixa densidade, pelo que não seria uma rocha dura, mas não podiam excluir a possibilidade de ser um depósito gigante de poeira, cinzas vulcânicas ou sedimentos.

“É aqui que entram os novos dados do radar. Dada a sua profundidade, se a MFF fosse simplesmente um monte gigante de poeira, seria de esperar que se compactasse sob o seu próprio peso”, disse Andrea Cicchetti, do Instituto Nacional de Astrofísica, Itália, e coautora do estudo.

“Isto criaria algo muito mais denso do que aquilo que realmente vemos com o MARSIS. E quando modelámos o comportamento de diferentes materiais sem gelo, nada reproduziu as propriedades da MFF — precisamos de gelo”.

A visão atual considera que a MFF é constituída por vastas camadas de gelo e poeira, cobertas por uma última camada protetora de poeira ou cinzas com várias centenas de metros de espessura. É isto que tem mantido o gelo protegido. Embora os cientistas não saibam ao certo durante quanto tempo.

“Esta última análise desafia a nossa compreensão da Formação Medusae Fossae e levanta tantas perguntas, como respostas”, disse Colin Wilson, cientista de projeto da ESA.

“Se se confirmar que se trata de gelo, estes depósitos maciços mudariam a nossa compreensão da história climática de Marte. Qualquer reservatório de água antiga seria um alvo fascinante para a exploração humana ou robótica”, constata.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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