Descoberto efeito “fantasma” em acelerador de partículas

rupertomiller / Flickr

Detalhe do LHC, Large Hadron Collider, acelerador de partículas do CERN

Uma experiência num acelerador de partículas mostrou a existência de uma estrutura de ressonância específica, capaz de desviar as partículas de um feixe do seu percurso.

O efeito já tinha sido teorizado e simulado mas observá-lo na prática é algo bastante complexo, porque afeta as partículas num espaço quadridimensional.

As ressonâncias são fenómenos comuns na física clássica e podem ser encontradas no quotidiano. Elas podem amplificar efeitos como som — tome como exemplo dois diapasões; se produzirmos ondas sonoras num deles, o diapasão começa a vibrar na mesma frequência.

Na mecânica quântica, no entanto, a ressonância pode causar imprevistos e até mesmo na perda de algum feixe no acelerador de partículas, prejudicando uma experiência. Estudar como essas ressonâncias e fenômenos quânticos se comportam é tão importante quanto desafiador, por serem efeitos “fantasmagóricos”.

Pela primeira vez, físicos do Super Proton Synchrotron (SPS), em colaboração com cientistas do GSI em Darmstadt, conseguiram provar a existência de uma ressonância específica — o que deve ajudar a melhorar a qualidade dos feixes de baixa energia e alto brilho em instalações como Grande Colisor de Hadrões, o maior acelerador de partículas do mundo.

Os feixes de um acelerador são o recurso que injeta as partículas — eletrões ou protões — para as experiências. As ressonâncias, por sua vez, podem levar as partículas do feixe a desviarem-se do curso estabelecido por campos magnéticos poderosos.

Há décadas que os físicos tentam estudar o fenómeno indesejado através de cálculos e simulações computacionais, mas ainda não tinham demonstrado a existência de ressonâncias específicas. Isto acaba de mudar com a nova descoberta do CERN e dos seus colaboradores.

Os cientistas procuraram estruturas de ressonância que exigem medições em planos horizontal e vertical. Para isso, realizaram cerca de 3 mil passagens de um feixe pelo acelerador, observando se as partículas no feixe estavam centralizadas ou deslocadas para algum dos lados bidimensionais.

Como resultado, comprovaram que a ressonância causa os efeitos previstos, mas ainda são necessários mais estudos para descobrir como reduzi-los.

A equipa de investigadores está agora a desenvolver uma teoria para entender melhor o fenómeno e encontrar maneiras de evitar a perda de feixes no futuro.

A pesquisa foi publicada na revista Nature Physics.

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