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Descoberto o “antepassado perdido” do primeiro animal que caminhou na Terra

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(dr) Mikhail Shekhanov / Ukhta Local Museum

Investigadores identificaram uma nova espécie, chamada Parmastega aelidae, que é o tetrápode mais antigo encontrado.

O estudo, publicado este mês na revista especializada Nature, revela que esta descoberta é essencial para reconstruir a passagem da vida nos oceanos para a vida na Terra.

Os tetrápodes são criaturas, de quatro membros, que viviam no oceano e que se aventuraram a andar e rastejar na superfície da Terra há pelo menos 390 milhões de anos, quando a Terra estava a passar pelo período devoniano. Além disso, são ancestrais de anfíbios, répteis, pássaros e mamíferos.

Parmastega permite ver um tetrápode muito antigo”, disse à ABC Per Erik Ahlberg, primeiro autor do estudo e investigador da Universidade de Uppsala, na Suécia. “Até agora, os únicos tetrápodes dos devonianos – os géneros Ichthyostega, Acanthostega e Ventastega – são do fim devoniano”, continuou.

Os fósseis de Parmastega permitem “reconstruir toda a cabeça e a cintura escapular – a parte do membro superior mais próxima do corpo”, disse o autor. Portanto, a espécie “ilumina uma fase na evolução dos tetrápodes sobre a qual sabíamos muito pouco até agora”.

Os vestígios mais antigos de um tetrápode na Terra têm 390 milhões de anos. Os tetrápodes mais conhecidos têm cerca de 360 milhões de anos e os mais fragmentados têm até 373 milhões de anos. O novo tetrápode tem 372 milhões de anos e está muito completo.

Os fósseis desta espécie foram encontrados na formação de Sosnogorsk, algumas pedras calcárias originárias de uma antiga lagoa costeira tropical e que hoje fazem parte da margem do rio Izhma, perto da cidade de Ukhta, no noroeste da Rússia. Naquela época, os Urais ainda não se tinham formado e o oeste da Rússia e da Sibéria eram continentes separados por um oceano.

Parmastega aelidae vivia numa lagoa salobra, separada do mar por uma barreira de corais antigos. Acredita-se que este lago fosse habitado por uma rica fauna de peixes com lobos e placodermas (peixes primitivos blindados).

As características do Parmastega são muito semelhantes às dos peixes, o que indica que são animais muito primitivos, ou seja, mais adaptados para viver no oceano do que se aventurar em terra.

O formato da cabeça do Parmastega era semelhante à de um jacaré, “indicando que passava muito tempo a flutuar na superfície com os olhos na água”. A sua dentadura, equipada com fortes presas superiores e dentes finos, mostram que era um predador.

Porém, ao contrário dos répteis, o esqueleto era composto quase inteiramente de cartilagem, um tecido de suporte muito mais elástico e macio do que o osso. “Isso significa que não poderia ser um animal terrestre”, segundo Ahlberg.

Além disso, os cientistas descobriram traços de canais que formam a linha lateral, um órgão que, no peixe, capta vibrações e movimentos na água para detetar correntes ou presas.

De facto, a criatura não morava no continente: é um tetrápode primitivo que passou a maior parte da sua vida na água – foram os seus parentes mais recentes, que se aventuraram a deixá-la para trás. Naquela época, havia grandes artrópodes na superfície da Terra, como centopeias ou escorpiões marinhos.

ZAP //

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