Uma equipa de cientistas descobriu seis novas estirpes de coronavírus em morcegos de Mianmar, revelou uma nova investigação, cujos resultados foram recentemente publicados na revista científica PLOS ONE.
Os especialistas do Programa de Saúde Global do Instituo Smithsonian, dos Estados Unidos, descobriram as novas estirpes em três espécies de morcegos: o morcego-amarelo da Grande Ásia (Scotophilus heathii); o morcego de cauda livre (Chaerephon plicatus) e o morcego de nariz em folha de Horsfield (Hipposideros larvatus).
Ao todo, foram analisadas onze espécies destes mamíferos.
Apesar de pertencerem à mesma família do vírus SARS-CoV-2, que originou a pandemia de covid-19, os cientistas acreditam, segundo o novo estudo esta quinta-feira publicado, que os seis tipos de coronavírus agora descobertos não estejam, do ponto de vista genético, intimamente relacionados com as estirpes que causam doenças letais em humanos, como é o caso da SARS, MERS ou o mais recente SARS-CoV-2.
Os cientistas descobriram estes vírus enquanto estudavam morcegos em Mianmar como parte do PREDICT, um programa financiado pelo governo norte-americano para identificar doenças infecciosas com potencial de transmissão de animais para humanos.
A equipa analisou amostras de saliva e guano (fezes) de onze espécies destes mamíferos que habitaram três locais distintos de Mianmar entre 2016 e 2018, detalha o portal de ciência Live Science. Nestes locais, o Homem entra em contacto direto com o excremento destes animais, uma vez que é bastante comum a recolha de guano, que é depois utilizado como fertilizante.
“Dois destes locais apresentavam sistemas populares de cavernas onde as pessoas locais eram rotineiramente expostas a morcegos através da colheita de guano, práticas religiosas e eco-turismo”, pode ler-se no estudo.
Os cientistas frisam que são necessárias mais investigações para perceber qual o potencial destes vírus recém-descobertos “migrarem” para outras espécies e para perceber como é que estas podem vir a afetar a saúde humana.
Em comunicado, Suzan Murray co-autora do estudo e diretora do Programa de Saúde Global do instituto norte-americano, explicou que há vários tipos de coronavírus que não são perigosos para os humanos, frisando, contudo, que é importante conhecê-los.
“Muitos tipos de coronavírus podem não representar um risco para as pessoas, mas quando identificamos essas doenças desde cedo nos animais, na fonte, tempos uma oportunidade valiosa para investigar a potencial ameaça“, considerou.
“Vigilância, investigação e educação são as melhores ferramentas que temos para evitar pandemias antes que estas ocorram”, rematou, citada na mesma nota.