Um dos maiores e mais raros trilhos do mundo de pterossauros, répteis voadores do tempo dos dinossauros, foi descoberto numa das praias da Lourinhã, anunciaram os paleontólogos Simon Kongshøj Callesen e Octávio Mateus.
Os investigadores afirmaram à agência Lusa que o trilho, com cerca de três centenas de pegadas, é “um dos maiores a nível mundial” e “o maior” em Portugal.
“Estas pegadas não eram conhecidas na Lourinhã e existiam apenas duas no concelho de Sesimbra”, acrescentam.
O estudo destas pegadas, com 152 milhões de anos, do período do Jurássico Superior, de que datam fósseis de grande parte dos dinossauros descobertos na Lourinhã, vem também trazer novos dados à ciência.
Os paleontólogos desconheciam até agora se os pterossauros, répteis voadores, se movimentavam com duas ou quatro patas.
Simon Kongshøj Callesen, da Universidade do Sul da Dinamarca, e Octávio Mateus, da Universidade Nova de Lisboa, concluíram que estas pegadas “mostram claramente um movimento quadrúpede”.
Por outro lado, as pegadas destes animais são “muito raras e as que se conhecem são pertencentes a pterossauros de menor porte”.
Já as da Lourinhã, “mostram a existência de pterossauros de grande porte que se desconhecia existirem no Jurássico Superior”.
Octávio Mateus, que é fundador do Museu da Lourinhã, explica na TSF que as pegadas maiores “têm cerca de 10 a 15 cm, aproximadamente”.
“Não são enormes, mas que é curioso é que, nos ossos, apenas conhecíamos animais que deveriam ter pegadas no máximo de uns 5 cm; portanto, é claramente um pterossauro de grande porte para o Jurássico”, refere o paleontólogo.
A jazida foi encontrada, em 2010, nas arribas da praia da Peralta por Octávio Mateus e veio a ser estudada em conjunto com o dinamarquês Simon Kongshøj Callesen.
O estudante da Universidade do Sul da Dinamarca defendeu, no final de Outubro, a tese de mestrado intitulada “Novos Traços de Pterossauros do Jurássico Superior da Praia da Peralta”, orientada por Octávio Mateus e Donald Eugene Canfield.
ZAP // Lusa