Descobertas gravuras rupestres surpreendentes no Egipto

David Sabel / Universitat Bonn

Gravura rupestre quase imperceptível supreende com bailarino de máscara do período Neolítico, no Egipto.

Gravura rupestre quase imperceptível surpreende com bailarino de máscara do período Neolítico, no Egipto.

Uma descoberta de “arqueologia para pessoas preguiçosas” permitiu chegar a surpreendentes desenhos de arte rupestre que dão pistas relevantes sobre como foi o período Neolítico ou Idade da Pedra Polida no Egipto, muito antes de os Faraós terem chegado ao poder.

Arqueólogos da Universidade de Bona, na Alemanha, descobriram, sem sequer precisar de esforços de escavação, um desenho esculpido na pedra que mostra um caçador com um arco, ao lado de uma avestruz e de um bailarino com uma máscara de pássaro.

A imagem é surpreendente porque não havia, até agora, quaisquer registos do uso de máscaras pelos vivos no período Neolítico no Egipto, e já foi eleita como uma das 10 mais importantes descobertas arqueológicas do país pelo Ministro das Antiguidades do Cairo, revela HeritageDaily.com.

A imagem, que está praticamente imperceptível na rocha, terá cerca de 6 mil anos, datando do quarto milénio antes de Cristo.

Foi uma descoberta de “arqueologia para pessoas preguiçosas”, assume o egiptólogo Ludwig Morenz, da Universidade de Bona, em declarações ao Live Science, explicando que foi só preciso analisar a paisagem em redor da necrópole de Qubbet el-Hawa – a chamada Colina do Vento -, próximo de Aswan, para a encontrar.

No local, no período Faraónico, eram enterrados os nobres da antiga cidade de Elefantina, na Ilha com o mesmo nome, no meio do Nilo. Mas o uso que lhe era dado na Idade da Pedra não teria nada a ver com isso, conforme sublinha Morenz.

“Muito provavelmente, estas imagens na rocha foram colocadas em antigos caminhos que não têm nada a ver com a posterior necrópole faraónica, mas onde havia acesso comunicativo, por qualquer que fosse a razão”, destaca o egiptólogo.

“Na antiga cultura egípcia, conhecemos muitas, muitas máscaras, mas são, basicamente, todas máscaras para os mortos”, com ocorria no tempo dos Faraós, afiança o investigador, sublinhando que neste caso, “temos uma cultura de máscara que precede a cultura faraónica”.

David Sabel / Universitat Bonn

Desenho de arte rupestre de Qubbet el-Hawa, no Egipto.

Desenho de arte rupestre de Qubbet el-Hawa, no Egipto.

A pessoa perto da avestruz com uma máscara de pássaro “pode ter sido um xamã“, explica Morenz. Assim, a máscara pode ter tido “finalidades rituais”, acrescenta.

Outras culturas do Neolítico usavam também bailarinos com máscaras e Morenz assume que é plausível que os povos do Egipto do Neolítico tivessem contacto com os seus vizinhos da Mesopotâmia (o actual Iraque), da Anatólia (território da actual Turquia) e de Elam, um antigo estado no sul do Irão.

Mas “a similaridade não significa, necessariamente, que havia um contacto directo e também não significa, necessariamente, que havia uma influência”, sustenta o investigador.

“Às vezes, as coisas podem ser semelhantes devido a condições semelhantes“, conclui.

De qualquer modo, poderemos estar aqui perante “um elo entre o antigo Oriente Próximo e até o período Neolítico do Sul da Europa e a antiga Cultura Egípcia”. E só essa ideia “abre novos horizontes de pesquisa” que é preciso explorar, conclui Morenz.

SV, ZAP //

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