Descoberta necrópole de bebés nados-mortos em França

Chistophe Fouquin / Inrap

Sepultura de nados-mortos

Uma equipa de arqueólogos do Instituto Nacional de Investigação Arqueológica Preventiva descobriu uma necrópole de nados-mortos em Auxerre, França.

No decorrer de uma intervenção de reabilitação paisagística na Praça do Marechal Leclerc, no centro da cidade de Auxerre, uma equipa de arqueólogos encontrou uma necrópole com crianças e bebés nados-mortos.

Segundo um comunicado do Instituto Nacional de Investigação Arqueológica Preventiva (Inrap), publicado esta terça-feira, as escavações permitiram reconstruir a evolução deste bairro desde a antiguidade romana até ao século XIX.

Os vestígios encontrados no recinto fortificado do século IV testemunha a reconstrução da cidade de Autessiodurum e a sua ascensão ao estatuto de capital da nova cidade de Auxerre.

Esta fortificação foi construída no local de uma necrópole funerária do Império Primitivo, até então desconhecida em Auxerre. Embora esta necrópole se enquadre nas culturas galo-romanas, apresenta uma série de características que a distinguem das suas contemporâneas.

Na periferia destas áreas de poderão ter existido áreas dedicadas aos nados-mortos e a crianças com apenas alguns meses de idade que, na altura,  tinham uma elevada taxa de mortalidade.

Os arqueólogos encontraram evidências de rituais dedicados aos mortos e aos deuses. Para proteger os jovens defuntos, estes eram acompanhados de objetos destinados a protegê-los no além—denominados objetos apotropaicos ou profiláticos.

Segundo o HeritageDaily, esta necrópole apresenta uma grande variedade de práticas num mesmo espaço de enterramento. A maioria dos enterrados está em posição fetal, embora alguns estejam de costas.

Além disto, foram observadas até oito fases durante o enterro destas crianças, o que demonstra a complexidade do processo funerário.No entanto, alguns enterramentos revelam uma atenção considerável aos pormenores.

Os arqueólogos observaram que alguns dos túmulos destruíram os anteriores, o que pode estar ligado a um problema de espaço, mas também ao próprio estatuto destas crianças, que nem sempre são vistas como indivíduos de pleno direito.

Por fim, as escavações de Auxerre forneceram novos conhecimentos e levantam questões sobre as práticas funerárias associadas às crianças pequenas e aos nados-mortos na Antiguidade.

Soraia Ferreira, ZAP //

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