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Descoberta israelita permitirá “revolução” no tratamento da depressão

SXC

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Uma descoberta de cientistas israelitas abriu espaço para a criação de um “antidepressivo à medida”, que se adequaria às necessidades de cada paciente.

O estudo, conduzido pela Universidade de Tel Aviv, sugere que a depressão, doença que atinge cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo, poderia estar ligada a um problema nas sinapses, em vez de ser causada, como se acreditava, pela falta de serotonina.

As sinapses são estruturas que permitem que um neurónio (célula nervosa) transmita um impulso eléctrico ou químico a outra célula (nervosa ou não). É por meio delas que o cérebro, por exemplo, controla as mais diversas funções do corpo humano.

Noam Shomrom e David Gurwitz, especialistas em genética da Faculdade de Medicina da Universidade de Tel Aviv, em Israel, publicaram uma pesquisa em que apontam uma ligação entre a depressão e um gene denominado CHL1. O CHL1, por sua vez, é o “responsável” pela criação das sinapses cerebrais.

Segundo os especialistas, cada pessoa tem diferentes níveis de expressão desse gene. Quando o seu nível é baixo, a criação de sinapses reduz-se e maior é a probabilidade de o paciente desenvolver um quadro depressivo.

“Até hoje pensava-se que a razão da depressão se encontrava na falta de serotonina no cérebro, mas o nosso estudo sugere que o mecanismo da depressão pode estar ligado à danificação das sinapses, o que dificulta as ligações entre os neurónios”, afirmou Shomron.

Para conduzir a pesquisa, os cientistas adicionaram substâncias antidepressivas a diversas amostras de glóbulos brancos e descobriram reações diferentes, de acordo com o nível de expressão do gene CHL1.

aftau.org / flickr

Noam Shonrom, director do Laboratório de Sequenciação do Genoma da Universidade de Tel Aviv

Noam Shonrom, director do Laboratório de Sequenciação do Genoma da Universidade de Tel Aviv

Segundo Shomron, que é diretor do Laboratório de Sequenciação do Genoma da Universidade de Tel Aviv, a descoberta pode significar uma “revolução” no tratamento da depressão.

“Geralmente, a adaptação da medicação a pacientes com quadro depressivo é um processo lento, baseado em tentativa e erro, e nesse processo os pacientes sofrem muito”, afirmou Shomron à BBC Brasil.

“A nossa descoberta poderá agilizar esse processo e, daqui a alguns anos, os medicamentos poderão ser feitos por medida para cada paciente com base num simples exame de sangue”, acrescentou.

Os cientistas já iniciaram experiências com amostras de sangue retiradas de ratos, para examinar as reações das células aos diversos tipos de antidepressivos.

“Os primeiros resultados das nossas experiências têm sido muito promissores. Já estabelecemos uma colaboração com hospitais psiquiátricos e começámos a examinar amostras de sangue de pacientes que foram colhidas antes e depois do tratamento com antidepressivos”, disse Shomron.

De acordo com o cientista, hoje em dia a eficácia de remédios antidepressivos é de 50% a 60%.

“Com a tecnologia que estamos a desenvolver será possível obter uma eficácia bem maior e um tratamento mais pessoal e adaptado à constituição genética de cada paciente”, acrescentou.

ZAP / BBC

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