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Descoberta “galáxia fóssil” que estava enterrada nas profundezas da Via Láctea

Um grupo de astrónomos, que trabalha com dados de evolução galáctica do Observatório Apache Point do Sloan Digital Sky Surveys (APOGEE), descobriu uma “galáxia fóssil” escondida nas profundezas da Via Láctea.

Esta descoberta, que foi publicada na revista The Monthly Notices Of Royal Astronomical Society, pode mudar a compreensão geral de como a Via Láctea cresceu.

A galáxia fóssil pode ter colidido com a Via Láctea há 10 mil milhões de anos, quando esta ainda se encontrava na sua infância. A relíquia cósmica, apelidada de Hércules em homenagem ao herói de mitologia grega, é responsável por um terço do halo esférico da Via Láctea, constituído por estrelas e gás.

“Para encontrar uma galáxia fóssil como esta, tivemos que observar a composição química e os movimentos de dezenas de milhares de estrelas”, referiu Ricardo Schiavon, um dos autores do estudo.

O astrónomo explica que esta descoberta foi “especialmente difícil de fazer pois as estrelas do centro da Via Láctea estão escondidas por nuvens de poeira interestelar. Contudo, o APOGEE permite-nos atravessar essa poeira e ver mais profundamente o coração da Via Láctea”.

O APOGEE consegue obter espectros de estrelas na luz infravermelha próxima, em vez da luz visível, que fica escurecida pela poeira. Ao longo da sua vida observacional, o APOGEE já mediu espectros com mais de meio milhão de estrelas em toda a Via Láctea, incluindo o seu núcleo anteriormente escurecido pela poeira.

Danny Horta, autor principal do estudo, explica que “examinar um número tão grande de estrelas é necessário para encontrar estrelas incomuns no coração densamente povoado da Via Láctea, que é como encontrar agulhas num palheiro”.

“Das dezenas de milhares de estrelas que observamos, algumas centenas tinham composições químicas e velocidades surpreendentemente diferentes“, disse Horta. “Essas estrelas são tão diferentes que só poderiam ter vindo de outra galáxia. Ao estudá-las em detalhes, podemos traçar a localização precisa e a história dessa galáxia fóssil”, indica o especialista.

Como as galáxias são construídas através de uma fusão de galáxias menores ao longo do tempo, os remanescentes de galáxias mais antigas são frequentemente vistos no halo externo da Via Láctea, uma nuvem enorme de estrelas que envolve a galáxia principal.

Contudo, e de acordo com o Phys, como a nossa galáxia foi construída de dentro para fora, encontrar as primeiras fusões requer olhar para as partes mais centrais do halo da Via Láctea, que estão enterradas profundamente no disco.

As estrelas originalmente pertencentes a Hércules representam cerca de um terço da massa de todo o halo da Via Láctea – o que significa que essa colisão antiga recém-descoberta pode ter sido um acontecimento importante na história de nossa galáxia.

ZAP //

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