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Descoberta cidade perdida de 4 mil anos que “sobreviveu” ao Estado Islâmico

UGZAR / Darek Piasecki

Rio Grande Zab, em cujas margens oi encontrada a cidade antiga de Xarab-I Kilashin, no Curdistão iraquiano.

Rio Grande Zab, em cujas margens oi encontrada a cidade antiga de Xarab-I Kilashin, no Curdistão iraquiano.

Uma equipa de arqueólogos desenterrou os vestígios de uma antiga cidade perdida da Mesopotâmia, com 4 mil anos, no Curdistão iraquiano, e que conseguiu resistir intacta às profanações do Estado Islâmico.

Esta cidade milenar, Xarab-I Kilashin, situa-se nas imediações do Grande Zab, um rio que é afluente do Tigre, e tem cerca de 300 metros de diâmetro, dimensão que surpreendeu os arqueólogos.

Até agora, nenhuma outra cidade deste tamanho, datando de antes da Idade Média, tinha sido descoberta, nesta zona do mundo.

O que é surpreendente é o tamanho deste assentamento. Todos assentamentos precedentes evidenciados na área são muito pequenos em tamanho, raramente excedendo um hectare. O mesmo se pode dizer de assentamentos contemporâneos a Xarab-i Kilashin, o nosso local urbano, que eram meras vilas”, nota Rafal Koliński, investigador da Universidade Adam Mickiewicz, na Polónia, em declarações à IBTimes UK.

Estruturada num semicírculo em torno da margem norte do rio, numa zona que pertencia à Mesopotâmia no fim do terceiro milénio antes da era cristã, os arqueólogos acreditam que Xarab-I Kilashin era uma cidade administrativa, governada por algum senhor.

Nas escavações foram ainda, encontradas mais de 12 mil peças de cerâmica e selos decorativos que ficaram a salvo dos roubos e da destruição cometida pelo Estado Islâmico.

UGZAR / Darek Piasecki

Selo decorativo de terracota encontrado na cidade antiga de Xarab-I Kilashin, no Curdistão iraquiano.

Selo decorativo de terracota encontrado na cidade antiga de Xarab-I Kilashin, no Curdistão iraquiano.

Os jihadistas do Daesh profanaram vários espaços históricos no Iraque e na Síria, nomeadamente a lendária Palmira. Xarab-I Kilashin terá ficado fora do seu alcance por estar enterrada debaixo do solo, o que poderá acontecer com várias outras cidades antigas ainda não descobertas.

Os arqueólogos estudam a zona, numa área de 3.000 metros quadrados no chamado Crescente Fértil, desde 2012, no âmbito do projecto UGZAR – Upper Greater Zab Archaeological Reconnaissance (Reconhecimento Arqueológico do Grande Zab Superior).

A análise aos artefactos encontrados permite avançar que na cidade se realizava a “produção intensiva de cerâmica”, destaca Koliński. “Os selos de terracota usados para decorar tecidos sugerem oficinas de tecelagem, uma indústria típica das cidades do sul da Mesopotâmia”, diz o investigador.

SV, ZAP //

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