Uma descoberta acidental está a abalar o estudo da genética

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A análise genética ao protista Oligohymenophorea sp. PL0344 revelou uma variação incomum na forma como o ADN é traduzido em proteínas.

Numa descoberta acidental que pode redefinir a nossa compreensão da genética, um novo estudo publicado na PLOS Genetics detetou variações únicas no genoma de um protista, Oligohymenophorea sp. PL0344.

A investigação, inicialmente destinada a testar uma nova técnica de sequenciação de ADN em células únicas, revelou que este microorganismo de água doce possui uma variação anormal na forma como o seu ADN é traduzido em proteínas.

Normalmente, os códons TAA, TAG e TGA são universais e servem como “sinais de paragem” que indicam o fim de um gene. No entanto, em Oligohymenophorea sp. PL0344, apenas o TGA funciona como um sinal de paragem. Em vez disso, o TAA especifica o aminoácido lisina e o TAG especifica o ácido glutâmico, explica o SciTech Daily.

“Esta é uma situação extremamente rara que quebra algumas das regras que pensávamos conhecer sobre a tradução de genes. Estes dois códons eram considerados acoplados”, afirma Jamie McGowan, um dos investigadores principais.

O mundo dos protistas é notoriamente diversificado, incluindo organismos unicelulares como amibas e algas, bem como multicelulares como algas vermelhas e limos. A sua diversidade torna difícil fazer generalizações sobre o grupo, mas esta nova descoberta sugere que há muito mais a aprender sobre a genética dos protistas.

“É pura sorte termos escolhido este protista para testar a nossa sequenciação, e isso mostra o quanto ainda há para descobrir”, disse McGowan.

O estudo também aborda a importância da investigação em Biologia de sistemas complexos. Muitas vezes, os cientistas tentam engenheirar novos códigos genéticos em laboratório, mas esta descoberta indica que novas variações do código genético podem já existir na natureza, à espera de ser descobertas.

A sequenciação de ADN em células únicas poderá ser um caminho valioso para descobrir mais destas anomalias genéticas e para explorar a imensa diversidade biológica que ainda está por compreender.

ZAP //

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