Descoberta a mais pequena espécie de hominídeos de sempre. Vivia na Alemanha

ZAP // Dall-E-2

Buronius manfredschmidi, conceito artístico

Com uma massa corporal estimada em cerca de 10 kg, uma espécie recém-descoberta, Buronius manfredschmidi, é agora o mais pequeno hominídeo conhecido.

A espécie agora descoberta, que ganhou o nome de Buronius manfredschmidi, viveu na atual Baviera, na Alemanha, durante a época do Mioceno Superior, há 11,6 milhões de anos.

Os restos fossilizados do primata foram encontrados no sítio arqueológico de Hammerschmiede, conhecido pelos restos excecionais da espécie hominídea Danuvius guggenmosi.

A descoberta foi apresentada num artigo publicado a semana passada na PLoS ONE.

“As localidades hominóides do Miocénico tornam-se cada vez mais comuns na Europa a partir do Miocénico Médio Superior, pouco depois de se tornarem raras em África”, explica Madelaine Böhme, investigadora da Universidade de Tübingen e primeira autora do artigo, citada pelo Sci News.

“Apesar da sua frequência, riqueza e, em três casos, uma abundância excecional de fósseis hominóides bem preservados (Can Llobateres, Hammerschmiede e Rudabánya), nenhuma localidade europeia produziu mais do que uma categoria taxonómica de hominóide — até agora“, salienta Böhme.

Os Hominóides, subordem dos primatas têm cauda nem calosidade nas nádegas, estão atualmente distribuídos por duas famílias: Pongídeos e Hominídeos. Os fósseis mais antigos de Hominóides têm cerca de 40 milhões de anos e foram encontrados no Egito.

O Buronius manfredschmidi agora identificado foi classificado a partir dos  restos parciais de dois dentes e uma patela, cujo tamanho e forma são distintos de Danuvius guggenmosi e de todos os outros macacos conhecidos.

“Os dentes e a rótula do Buronius manfredschmidi têm um tamanho próximo do de um siamang, uma espécie de gibão nativa da Malásia, o que sugere uma massa corporal de cerca de 10 kg“, afirmaram os paleontólogos.

Em contraste, o Danuvius guggemosi tem uma massa corporal calculada que varia entre 17 e 31 kg, estimada usando regressões para várias medidas do fémur e da tíbia ou, usando uma metodologia diferente de reconstrução, entre 14,5 e 46,3 kg.

Com base na estrutura dos fósseis, os investigadores deduzem que o Buronius manfredschmidi era um trepador exímio que se alimentava de alimentos moles, como as folhas.

Estas características sugerem que a nova espécie tinha um estilo de vida distinto do Danuvius guggenmosi, que é uma espécie mais corpulenta com uma dieta de alimentos mais duros.

“O esmalte do Buronius manfredschmidi é mais fino do que o de qualquer outro macaco da Europa e é comparável ao dos gorilas”, afirmou Böhme. “O do Danuvius guggenmosi, por outro lado, é mais espesso do que o de todas as espécies extintas relacionadas e quase atinge a espessura do esmalte humano“.

“As diferentes espessuras de esmalte correspondem à forma das superfícies de mastigação; o do Buronius manfredschmidi é mais liso e tem arestas de corte mais fortes; e o do Danuvius guggenmosi é entalhado e tem cúspides dentárias rombas. “Isto mostra que o manfredschmidi comia folhas e o guggenmosi era omnívoro”, explicam os investigadores.

As diferenças permitiram provavelmente que estas duas espécies partilhassem um habitat sem competir por recursos, à semelhança dos gibões e orangotangos modernos que partilham habitats no Bornéu e em Sumatra.

Este é o primeiro exemplo conhecido de um sítio fóssil do Miocénico europeu com várias espécies de macacos antigos, embora os cientistas sugiram que a reanálise de outros sítios semelhantes possa permitir descobrir mais exemplos deste comportamento de coabitação.

“O novo grande símio de Hammerschmiede, Buronius manfredschmidi, com cerca de 10 kg de peso corporal, não só é o mais pequeno símio-coroa conhecido, como também atesta o primeiro caso de sintopia de hominídeos na Europa“, concluem os autores do estudo.

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