Os colibris, também conhecidos como beija-flor e pássaros-mosca, são constituídos por mais de 350 espécies diferentes. Uma equipa de investigadores acaba agora de identificar a maior espécie de colibris conhecida — ou, melhor dizendo, duas espécies diferentes de colibris gigantes.
Um novo estudo dos hábitos migratórios dos colibris, publicado esta semana na Proceedings of the National Academy of Sciences, permitiu identificar uma nova espécie de colibri gigante, a que os investigadores deram no nome de Patagona gigas.
No decorrer do estudo, os investigadores identificaram duas populações destes colibris de grandes dimensões, com padrões de migração diferentes.
Uma das populações, proveniente do norte, permanece nos picos dos Andes durante todo o ano, enquanto a outra, do sul, migra do nível do mar até um pouco mais de 4 mil metros de altitude durante os meses não reprodutivos.
E, de acordo com os autores do estudo, estas duas populações não são uma, mas duas espécies diferentes de colibri. As duas espécies parecem idênticas, mas a aparência engana: os seus genomas e comportamentos contam uma história diferente.
“São tão diferentes uma da outra como os chimpanzés são dos bonobos. As duas espécies sobrepõem-se nos seus locais de invernada a grande altitude”, diz o primeiro autor do estudo, Chris Witt, ao Science Daily.
“É espantoso que até agora ninguém tenha percebido o mistério do colibri gigante, mas estas duas espécies diferenciaram-se há milhões de anos”, acrescenta o investigador da Universidade do Novo México.
Para distinguir as duas espécies, os investigadores mantiveram o nome de Patagona gigas para a população do sul, e atribuíram à população nortenha o nome de Patagona chaski.
De todas as espécies de beija-flores, o beija-flor gigante tem, por uma grande margem, o nicho climático mais amplo.
Estas aves têm cerca de oito vezes o tamanho de um beija-flor-de-garganta-preta, reproduzem-se ao longo da costa do Pacífico, mas desaparecem após a reprodução.
Este mistério permanecia por resolver desde o século XIX, quando Charles Darwin observou os colibris gigantes migratórios durante a sua viagem no Beagle. Nessa altura, Darwin conjeturou que os colibris migravam para a região do deserto de Atacama, no norte do Chile.
A equipa de investigadores, que foi liderada por Jessie L. Williamson, investigador da Universidade no Novo México, testou o papel do comportamento migratório, dos compromissos de desempenho e da estrutura genética na manutenção da sua excecional amplitude de nicho.
Estudaram ainda os seus movimentos, características respiratórias e genómica populacional. Os rastos de satélite e de geolocalização ao nível da luz revelaram uma migração circular de mais de 8.300 quilómetros sobre o Planalto Central dos Andes.
A equipa de Williamson desenvolveu um método para fixar dispositivos de localização em miniatura, parecidos com uma “mochila”, suficientemente pequena e leve para os beija-flores e que não interferissem com o seu estilo de voo pairado.
Uma das novas descobertas foi que os Patagona gigas migratórios não se limitam apenas a voar diretamente para grandes altitudes, pois também fazem uma pausa na subida durante alguns dias para que o sangue e os pulmões se adaptem.
Desta forma, os Patagona gigas empregam a mesma estratégia de aclimatação utilizada pelos alpinistas humanos.
“Foi preciso muita tentativa e erro para chegar a um design de arnês adequado”, afirmou Williamson. “É difícil trabalhar com beija-flores porque são leves, com asas longas e pernas curtas. São os pequenos acrobatas da natureza“.